
Algumas das criaturas marinhas mais espetaculares vivem há muitos metros de profundidade, no fundo dos oceanos do planeta. Porém, para sobreviver nesse ambiente extremamente inóspito, de completa escuridão, muitas precisaram desenvolver mecanismos próprios. Há aquelas, por exemplo, que são bioluminescentes, ou seja, que conseguem produzir luz para enganar presas e predadores, como os camarões de águas profundas. E não apenas eles brilham no escuro, mas também possuem uma visão especial para navegar nesse universo tão desafiador.
A revelação foi feita por um estudo da pesquisadora da Universidade Internacional da Flórida (FIU), Danielle DeLeo, teve como foco camarões da família Oplophoroidea, que migram por longas distâncias, nadando pelas colunas de água dos oceanos. Essas espécies de crustáceos conseguem fazer com que alguns de seus órgãos brilhem para se camuflar, se defender e talvez, suspeitam cientistas, até se comunicar.
Mas o que Danielle descobriu em suas pesquisas é que, ao longo de sua evolução, esses camarões desenvolveram sistemas visuais com uma diversidade de proteínas para detectar a luz de outros animais e assim, auxiliá-los a sobreviver nesse mundo bioluminescente.
“À medida que os olhos primitivos evoluíram nos oceanos durante a explosão Cambriana, cerca de 540 milhões de anos atrás, uma época em que agora sabemos que a bioluminescência já existia, entender como diferentes fontes de luz impactam a visão em espécies atuais pode nos ajudar a entender sua influência passada em animais primitivos”, diz a pesquisadora.
As proteínas a que Danielle se refere, chamadas de opsinas, são responsáveis pela percepção de cores. Ela acredita que graças à ação delas, os camarões podem distinguir as luzes e colorações emitidas por outros animais, e assim distinguir entre os que apresentam perigo ou não.
“Estamos apenas começando a entender como os sistemas visuais evoluíram em ambientes com luz limitada e como os animais podem estar usando sinais bioluminescentes para se comunicar uns com os outros”, acrescenta Heather Bracken-Grissom, bióloga de evolução marinha da FIU. “Ainda há muito a aprender, mas este estudo pode abrir caminho para pesquisas futuras em outros grupos de águas profundas.”

do estudo
Foto: D. Fenolio / Communications Biology (2025)
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Foto de abertura: D. Fenolio / Communications Biology (2025)