O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) divulgou uma nota na quarta-feira (18/12) confirmando a internação em um hospital da Lousiana de um paciente, em estado grave, infectado com a influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP), chamada comumente de gripe aviária, e transmitida pelo vírus H5N1. Esse é o primeiro registro de uma pessoa que desenvolveu uma forma mais severa da doença no país.
Desde abril de 2024, já foram 61 casos de seres humanos que testaram positivo para a gripe aviária nos Estados Unidos. Todavia, até agora todos apresentaram sintomas leves e trabalhavam em fazendas onde havia animais contaminados.
Já o paciente da Louisiana – sobre o qual não foi informado nenhum detalhe, como idade ou problemas de saúde pré-existentes -, foi infectado por aves doentes ou mortas em seu quintal.
“Um caso esporádico de doença grave de gripe aviária H5N1 em uma pessoa não é inesperado; a infecção pelo vírus foi previamente associada a doenças humanas graves em outros países durante 2024 e anos anteriores, levando inclusive à morte. Contudo, até agora, nenhuma contaminação de pessoa para pessoa foi detectada. Este caso não altera a avaliação geral do CDC sobre o risco imediato à saúde pública, que permanece baixa”, esclarece a nota.
O órgão ressalta, entretanto, que com esse novo caso, além das operações comerciais de aves e laticínios afetadas, fica comprovado que aves selvagens e rebanhos de quintal também podem ser uma fonte de exposição.
“A melhor maneira de prevenir a gripe aviária é evitar a exposição sempre que possível. Aves infectadas eliminam vírus da gripe aviária A em sua saliva, muco e fezes. Outros animais infectados podem eliminar vírus em secreções respiratórias e outros fluidos corporais (por exemplo, em leite de vaca não pasteurizado ou ‘leite cru’)”, alerta o CDC.
Pior epidemia mundial do H5N1
As aves migratórias, principalmente as aquáticas, são apontadas como as principais responsáveis pela transmissão da gripe aviária. Nelas o H5N1 é altamente contagioso. Poucos dias após a contaminação, os sintomas já ficam visíveis, como paralisia e inchaço de partes do corpo, e vários órgãos param de funcionar. O sistema neurológico é comprometido e os animais começam a apresentar tremores. A taxa de mortalidade chega a 90%.
No mundo todo, este é o pior surto de gripe aviária já registrado. Milhões de animais morreram em países do Hemisfério Norte, e na América do Sul, onde estima-se que mais de 500 mil aves vieram à óbito, além de 20 mil leões-marinhos só no Chile e no Peru (no Brasil houve vários casos também no Rio Grande do Sul em 2023).
Nos Estados Unidos, em maio deste ano, pesquisadores confirmaram oficialmente que um trabalhador de uma fazenda contraiu a gripe aviária após contato com uma vaca infectada. O caso aconteceu no Texas, mas ele apresentou apenas uma inflamação nos olhos, sem nenhum problema respiratório.
De acordo com um artigo publicado no The New England Journal of Medicine, uma das publicações médicas mais respeitadas do mundo, infecções humanas esporádicas pelo vírus da gripe aviária de alta patogenicidade já foram notificadas em 23 países ao longo de mais de 20 anos.
Infelizmente, já se sabe que o vírus, inicialmente apenas identificado em aves, agora contamina também mamíferos e pode ser passado entre espécies diferentes, como por exemplo, de vacas para felinos. No começo de maio, gatos que ingeriram leite cru, ou seja, não pasteurizado, morreram, vítimas da gripe aviária, também no Texas (saiba mais aqui).
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Imagem de abertura: divulgação National Institute of Allergy and Infectious Diseases