A tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea), também conhecida como tartaruga-gigante, é a maior dentre todas as espécies de tartarugas marinhas do planeta. Sua carapaça pode atingir até quase 2 metros de comprimento e ela chega a pesar mais de 500 kg. Infelizmente, no Brasil, ela é considerada ‘criticamente ameaçada de extinção‘.
Por isso mesmo, é sempre com muita alegria que pesquisadores registram uma fêmea desovando em nossa costa. Foi o que aconteceu recentemente, quando uma equipe do Projeto Chelonia mydas acompanhou uma dessas tartarugas-gigantes colocando seus ovos na praia de Regência, em Linhares, no litoral norte do Espírito Santo. A temporada de reprodução da espécie no estado acontece entre setembro e março.
Segundo a bióloga Camila Miguel, coordenadora do projeto, no Brasil a desova da tartaruga-de-couro é muito rara. Ela se reproduz regularmente só no Espírito Santo, mas também há registros no Piauí e podem ocorrer desovas esporádicas em outras regiões. Estima-se a presença de apenas 20 fêmeas no litoral capixaba.
“Elas podem desovar até sete vezes na temporada com um intervalo de dez dias”, explica Camila. Com isso, em média, as fêmeas permanecem durante uns 70 dias nas praias de desova.
A fêmea encontrada em Linhares tinha aproximadamente 1,5 metro de carapaça e apresentava boas condições físicas e significativa reserva de gordura corporal, o que sugere, de acordo com a bióloga, que ela estava em sua primeira ou segunda desova nessa temporada.
Além disso, a tartaruga possuía uma identificação feita pela Fundação Projeto Tamar, o que significa que já esteve em águas brasileiras anteriormente. A espécie habita zonas tropicais e temperadas dos Oceanos Índico, Pacífico e Atlântico.
Embora a tartaruga-de-couro seja classificada como ‘vulnerável à extinção’ na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), no Brasil ela está mais ameaçada.
“Só há muitas poucas fêmeas que desovam no Brasil”, afirma Camila. “As principais ameaças para a espécie são predação dos ovos, iluminação artificial, circulação de veículos e pessoas nas praias, erosão, pesca e poluição.”
E é justamente por causa do impacto da iluminação artificial na desova das tartarugas que a foto de destaque nesta reportagem é vermelha, porque os pesquisadores tomam cuidado para não afetar esse momento tão importante de reprodução. Fêmeas e filhotes se orientam pela luminosidade natural para chegar ao mar.
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Foto de abertura: divulgação Projeto Chelonia mydas