Kirk, Picard, Sisko, Janeway, Archer, Burnham e Pike. Assim foram batizadas as sete novas espécies de sapos descobertas nas florestas montanhosas de Madagascar. Todos os nomes são de capitães da famosa série de ficção científica, Star Trek. A decisão para batizá-los dessa maneira foi feita por um grupo de cientistas internacionais porque esses anfíbios coaxam de uma maneira diferente, emitindo sons que fazem lembrar aqueles dos filmes do espaço.
Todas as novas espécies, do gênero Boophis, vivem em árvores, próximos de riachos de fluxo rápido. Os pesquisadores suspeitam que eles usem esses chamados, bastante altos, porque precisam se comunicar em meio ao barulho da água.
“Esses sapos não só parecem emitir sons como os efeitos sonoros de Star Trek, mas também parece apropriado que, para encontrá-los, você frequentemente tenha que fazer um bocado de trekking! Algumas espécies são encontradas em lugares acessíveis a turistas, todavia, para outras, tivemos que empreender grandes expedições a fragmentos florestais remotos e picos de montanhas”, revela Mark Scherz, professor assistente do Museu de História Natural da Dinamarca da Universidade de Copenhagen, e principal autor do estudo. “Há um verdadeiro senso de descoberta e exploração científica aqui, o que achamos que está no espírito de Star Trek.”
Foto: Mark D. Scherz
Ainda segundo os pesquisadores, para os fãs de Sci-Fi, o coaxar desses sapos pode parecer o som emitido pela máquina “tricorder”. Já para aqueles que não acompanham a série, talvez a vocalização pareça mais a de um inseto ou pássaro.
“Se os sapos [de Madagascar] apenas coaxassem como nossos sapos europeus conhecidos, eles poderiam não ser audíveis sobre o som da água corrente dos rios perto dos quais vivem. Seus trinados e assobios agudos se destacam contra todo esse barulho”, reforça Jörn Köhler, curador sênior de Zoologia de Vertebrados no Hessisches Landesmuseum Darmstadt, da Alemanha, que ajudou a analisar os chamados dos sapos.
Como as novas espécies são observadas só nesses micro-habitats, os cientistas alertam que eles são mais suscetíveis às mudanças climáticas e ambientais e por isso, a conservação dessas áreas deva ser priorizada.
Madagascar é um país insular, situado perto da costa sudeste da África, e muitas dos animais encontrados ali não existem em nenhum outro lugar do mundo. Estima-se que 9% de todas as espécies de sapos do mundo vivam ali. Somente na última década, 100 novas espécies deles foram descobertas na ilha.
“Nós apenas arranhamos a superfície do que as florestas tropicais de Madagascar têm a oferecer. Toda vez que entramos na floresta, encontramos novas espécies, e apenas em termos de sapos, ainda há várias centenas de espécies que ainda não descrevemos”, diz Andolalao Rakotoarison, professora da Université d’Itasy, em Madagascar.
*Com informações e entrevistas contidas no texto de divulgação da Universidade de Copenhagen
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Ilustração de abertura: Alice Petzold Art / divulgação Universidade de Copenhagen
