Em 23 de março moradores que viviam no entorno de uma lagoa perto de Zeballos, na Ilha de Vancouver, no Canadá, soaram o alerta. Duas orcas, uma mãe e uma filhote, apareceram ali e a fêmea adulta estava encalhada. Por horas, equipes de resgate tentaram ajudar o animal, que ficou preso numa depressão, em águas mais rasas. Infelizmente, ele acabou morrendo.
A orca era Spong, tinha 14 anos, e era conhecida dos biólogos que fazem o monitoramento da espécie (Orcinus orca) na costa do Oceano Pacífico no Canadá e ao norte dos Estados Unidos. Não se sabe ao certo porque ela e a filhote entraram nessa lagoa, conectada com o mar. Talvez estivessem caçando.
T109A3A, número de identificação da jovem orca, também é conhecida por Kʷiisaḥiʔis, nome indígena que significa “Pequena Caçadora Valente”. Ela tem apenas dois anos. Durante a tentativa de salvamento da mãe, ela acompanhou tudo e seus gritos de desespero puderam ser ouvidos por microfones na água.
E desde então, nas últimas três semanas, Kʷiisaḥiʔis continua na lagoa e autoridades fazem de tudo para tentar guiá-la ao mar aberto e fazer com que ela reencontre sua família. Orcas vivem em grandes grupos e ajudam-se entre si.
Diversas estratégias já foram utilizadas para fazer com que a filhote saia da lagoa: gravações com vocalizações de indivíduos da família e uso de cordas com flutuadores em direção ao oceano. Nada funcionou. A mobilização na região é gigantesca e envolve não apenas autoridades da área ambiental, mas representantes de povos indígenas da área e comunidades locais, todos sensibilizados com o caso.
Biólogos afirmam que Kʷiisaḥiʔis precisa ser alimentada urgentemente. Apesar de aparentar boa saúde, ela necessita comer. Entre as hipóteses sendo analisadas estão içar a filhote com um guindaste para um barco e mantê-la em um cercado marinho até que haja uma oportunidade de soltá-la perto de sua família.
Todavia, sabe-se que não será fácil nem rápido encontrar a localização de seus familiares.
“Os parentes vivos mais próximos de Kʷiisaḥiʔis são os T109As, uma linhagem matriarcal liderada por sua avó e que inclui algumas tias e tios. Os T109As são um dos grupos familiares mais conhecidos, vistos com regularidade todos os anos, mas ainda pode haver semanas ou meses entre os relatos deles. Em 2023, por exemplo, foram vistos no Mar Salish durante 25 dias ao longo do ano; isso significa que eles estão em outro lugar a maior parte do tempo e, durante grande parte do tempo, não sabemos onde estão! Nas últimas décadas, eles foram fotodocumentados em um trecho de mais de 1 mil km da costa, incluindo algumas das áreas mais remotas da Colúmbia Britânica”, explica a Orca Behavior Institute.
Assim como outras espécies, biólogos conseguem identificar diferentes indivíduos entre as orcas através de marcas naturais no corpo e diferenças no tamanho e formato das nadadeiras.
Apesar de ser chamada de “baleia” por muitos, a orca é um cetáceo, que pertence à família dos golfinhos, o maior deles dentre eles.
Abaixo um vídeo produzida pela ONG Marea que mostra imagens de Kʷiisaḥiʔis:
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Foto de abertura: Bay Cetology