Sully Boo, Abandonado e Alegria são os novos moradores do Parque Estadual do Rio Vermelho*, em Florianópolis. Os três bugios-ruivos (Alouatta guariba clamitans) foram soltos recentemente no local e se juntam ao primeiro grupo desses primatas reintroduzido ali no começo do ano.
As duas fêmeas e o macho que agora voltam à natureza passaram por um longo processo de reabilitação antes de serem reintroduzidos. Eles precisaram ser resgatados no passado, alguns ainda filhotes, e até então viviam no Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS-SC).
“Em liberdade, o trio de bugios já está defendendo seu território, se alimentando de plantas nativas e dispersando sementes pela floresta. Com novas solturas de bugios-ruivos, estamos revertendo a extinção local dessa espécie!”, celebrou a equipe do Programa Silvestres SC em suas redes sociais.
Como contamos nesta outra reportagem no final do ano passado, o bugio-ruivo é um dos quatro macacos brasileiros na lista dos 25 primatas mais ameaçados do planeta. Assim como outras centenas de espécies de animais, ele foi sendo expulso e desaparecendo de seus habitats à medida que o homem avançou sobre as florestas. Foi o que aconteceu na Ilha de Santa Catarina, que representa mais de 95% do território da capital Florianópolis.
Desde a ocupação européia em meados do século XVIII até os anos 70, a ilha perdeu mais de 70% de sua cobertura vegetal. E com ela sumiram grandes mamíferos de médio e grande portes, como a onça-parda, a jaguatirica, a anta e o bugio-ruivo. A última vez que tinha-se avistado um desses primatas ali era em 1763, ou seja, ele era considerado extinto localmente há 260 anos.
O bugio-ruivo é a primeira espécie para iniciar o processo de refaunação da região. Foram escolhidas duas Unidades de Conservação (UC’s) de Florianópolis, uma ao norte e outra ao sul da ilha para eles serem soltos. Serão seis famílias no total – cada família é composta por cerca de dois ou três animais.
Abandonado, um dos bugios que fazem parte da segunda família solta no Parque do Rio Vermelho
(Foto: Fernando Farias)
Após a soltura, os bugios serão monitorados por cinco metodologias diferentes e durante um período de dois a três anos.
Essa espécie de primata é endêmica da Mata Atlântica. Ela tem um importante papel nos ecossistemas que habita, como por exemplo, fazer a regulação de populações de presas e de vegetação e a dispersão de sementes.
*O Parque Estadual do Rio Vermelho é gerido pelo Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina e o CETAS-SC
Foto de abertura: Fernando Farias