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Brasileira está entre lideranças inspiradoras eleitas pela organização internacional ‘Children & Nature Network’

A paulista Ana Carol Thomé é formada em pedagogia, especialista em educação lúdica, psicomotricidade e educação inclusiva e criadora do projeto Ser Criança é Natural. Desde os primeiros passos de sua jornada profissional, ela incentiva e viabiliza a relação da infância com a natureza, seja em escolas públicas onde leciona, em vivências e oficinas com crianças e seus familiares, que promove em áreas verdes de grandes centros urbanos, ou, ainda, em outros programas.

Estuda a cultura da infância, o desenvolvimento infantil e os processos de aprendizagem pela experiência, incentivando movimentos coletivos, como a Biblioteca da Floresta e o programa Caixas de Natureza, sobre os quais conto mais adiante.

Trabalhou em Escolas da Floresta no Reino Unido e pesquisa iniciativas que relacionam educação/natureza pelo mundo. Devido à sua trajetória educacional, participou do documentário O Começo da Vida 2: Lá Fora, da Maria Farinha Filmes.

Ana Carol Thomé coordena vivência com crianças e famílias em parque de São Paulo / Foto: Érico Marques

Sua produção constante e criativa aliada à busca incessante por disseminar a importância do mundo natural para a saúde, o bem-estar e o desenvolvimento dos pequenos – conquistando os adultos que as cercam, em especial educadores e administradores de escolas – transformou Ana Carol em uma das mais proeminentes especialistas no tema no Brasil. Naturalmente.

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Não é à toa, portanto, que ela acaba de ser eleita uma das Inspiring Leaders in the Children and Nature Moviment (Líderes Inspiradores no Movimento Crianças e Natureza) da organização internacional Children & Nature Network, fundada em 2006 por um grupo de educadores, escritores e líderes comunitários a fim de criar um movimento mundial para combater a desconexão das crianças com a natureza.

A cada ano, a C&NN concede o Prêmio Richard Louv de Inovação em Conexão com a Natureza a um dos educadores reconhecidos no mundo por seu empenho (criatividade e realizações) em conectar crianças, famílias e comunidades aos benefícios da natureza.

Diversos nomes são indicados para o Prêmio Richard Louv (não há inscrição) e, desses, são escolhidos apenas 16 inspiring leaders, entre eles, o ganhador do prêmio que, este ano, foi o colombiano Luiz Alberto Camargo, que “há 25 anos cria momentos transcendentes para as crianças na natureza”. 

História relevante 

“Foi muito especial receber o comunicado da organização e saber que eu tinha sido indicada para o prêmio da C&NN e que, apesar de não ser a ganhadora, minha história foi considerada relevante e gostariam de compartilhar meu trabalho junto com o de outras pessoas”, conta.

Para ela, estar nessa lista (veja neste link) é “um super reconhecimento”, não só porque a instituição tem abrangência internacional, mas, também, porque o Ser Criança é Natural acaba de completar dez anos (ontem, 25/11). “Então é um presente que vem pra validar o trabalho que eu tenho feito, meu projeto ganha mais força”. 

“Ser reconhecida por uma instituição tão importante quando a gente fala de criança e natureza e que tem Richard Louv como um dos fundadores, é um carimbo importante na qualidade e na relevância do meu trabalho. E não é sobre mim e, sim, sobre todas as crianças que, através do meu trabalho, ganharam conexão com a natureza, têm mais oportunidade e conhecimento para brincar e se relacionar com a natureza. Me deixa feliz pensar no tanto de crianças que eu impactei e que isso foi reconhecido”. 

Seu trabalho inovador tem inspirado uma geração de crianças mais conectadas ao mundo natural e comprometidas com a proteção do planeta.  O que, segundo o ecologista senegalês Baba Dioum é a essência do conservacionismo: “No final, conservaremos apenas o que amamos e amaremos apenas o que entendermos”, disse ele em assembleia da IUCN em 1968. 

Vale destacar, ainda, que o jornalista e escritor Richard Louv é reconhecido como um dos maiores especialistas no tema do mundo, e se notabilizou por seu livro A Última Criança na Natureza (lançado no Brasil em 2016), com o qual cunhou o termo Transtorno de Déficit de Natureza, parodiando o Transtorno de Déficit de Atenção, o maldito TDAH, que tanto preocupa a sociedade atual. 

Inspiração digital

Ana Carol sempre lidou bem com o digital. Por meio do site e das redes sociais – YouTubeFacebookInstagram – nunca deixou de inspirar crianças e adultos pelo Brasil “a desenvolverem relacionamentos positivos e duradouros com a natureza”. 

Ana Carol Thomé propõe atividades para pais, mães e crianças em parque de São Paulo / Foto: Renata Stort

Hoje, reúne mais de 167 mil seguidores para os quais propõe, por meio de abordagens inovadoras, oportunidades para manterem a conexão com o mundo natural. Para educadores e famílias, oferece apoio e recursos para, em sua rotina, implementarem suas próprias atividades baseadas no contato com o mundo ‘do lado de fora’.

Com o programa Caixas da Natureza, sugere que crianças e suas famílias identifiquem a natureza a0 seu redor e estabeleçam trocas de coleções de elementos naturais (galhos, folhas, pedras, gravetos), imagens, cartas e outros objetos “garimpados”, com amigos desconhecidos de outras cidades e estados, sorteados entre os inscritos na brincadeira. 

“Mais de 60 mil crianças já participaram!”, celebra Ana Carol. “Esse projeto estimula a curiosidade e o apreço pela biodiversidade”. Fique atento se você quer participar porque, em breve, ela vai orientar para o programa de 2024 (acompanhe pelo Instagram).

Outro projeto bacana é a Biblioteca da Floresta que nasceu de posts nas redes nos quais Carol indicava a leitura de livros com temática natural (pelos quais tinha se apaixonado; saiba mais aquie virou um Clube de Leitura – com a parceria do Movimento Literário -, que inspira assinantes a fortalecerem sua conexão com a natureza, mesmo que não estejam nela.

Durante a pandemia, sua presença e talento online se intensificaram. Afinal, como todo mundo, ela estava confinada em casa e não queria deixar de incentivar adultos e crianças a prestarem atenção à natureza, mesmo que só fosse possível da janela. E ela também ensinou a passarinhar, ou seja, observar aves

Por meio de suas iniciativa e plataformas, Carol criou um “ecossistema sustentável de educadores e famílias comprometidas com a educação baseada na natureza”. Com um detalhe: sua abordagem garante que essa comunidade não dependa de um único indivíduo ou organização para crescer e prosperar.

“Infância mais saudável e feliz”

Até 2021, Ana Carol e a bióloga e socióloga Rita Mendonça – fundadora do Instituto Romã de Vivências com a Natureza – foram parceiras no projeto Ser Criança é Natural e, por seis anos, assinaram blog que leva o nome desse projeto, aqui, no Conexão Planeta (do qual ela está afastada desde março, mas já declarou que quer retomá-lo em 2024). Indiquei alguns links do blog neste texto para ilustrar o assunto tratado.

As duas se conheceram em 2010, quando Ana Carol foi aluna da Rita num curso de pós-graduação. “No seu trabalho de conclusão de curso, ela já desenvolveu esse tema, já tinha esse olhar muito sensível e delicado”.

“Realmente, ela é uma das pessoas mais importantes do Brasil que atuam com essa temática. Por isso, fiquei muito feliz com sua indicação como finalista da seleção da C&NN, que estimula grandes líderes que trabalham pela importância da natureza para a infância”, celebra Rita. 

Para a bióloga, esse prêmio é um “grande estímulo para que mais pessoas a conheçam e ao trabalho que ela faz e possam desenvolver novos trabalhos para que a causa avance de maneira efetiva. O Brasil é grande, a população é grande e a gente ainda precisa de muito para que a natureza seja reconhecia pelos governos, em políticas publicas, e as crianças possam ter uma infância mais saudável e feliz. Parabéns, Ana Carol!”.  

Foto (destaque): Heloísa Pires

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