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Dois em cada cinco anfíbios do mundo estão em risco de extinção

Dois em cada cinco anfíbios do mundo estão em risco de extinção

Cerca de 40% de todas as espécies de anfíbios do planeta estão em risco de extinção, consideradas criticamente ameaçadas, em perigo ou vulneráveis. O alerta acaba de ser divulgado nesta quarta-feira (04/10) pelo mais recente relatório da União Internacional para a Conservação das Espécies da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).

O estudo “Declínios em andamento para os anfíbios do mundo diante de ameaças emergentes”, que também foi publicado na revista Nature, analisou 8 mil anfíbios do mundo todo – sapos, salamandras e cecílias -, 2 mil a mais do que na análise anterior de 2004.

O relatório aponta que duas em cada cincos espécies de anfíbios no planeta estão ameaçadas. E as salamandras são as que correm o maior risco. A América do Norte é a região que abriga a maior diversidade desses animais. Pra quem não as conhece, salamandras possuem o corpo mais alongado e uma cauda, por isso mesmo, muitas vezes são confundidas com lagartos.

Assim como as demais espécies de anfíbios, as salamandras têm entre seus principais vilões o desmatamento e a perda de habitat, assim como as mudanças climáticas e fungos.

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Um grande temor no caso delas é a chegada no continente americano de uma doença mortal, chamada Batrachochytrium salamandrivorans (Bsal), que foi encontrada na Ásia e na Europa.

“O Bsal ainda não foi detectado nos Estados Unidos, mas como os humanos e outros animais podem introduzir o fungo em novos locais, pode ser apenas uma questão de tempo até vermos a segunda pandemia global de doença nos anfíbios”, diz Dede Olson, ecologista pesquisador do Serviço Florestal dos Estados Unidos, membro do Grupo de Especialistas em Anfíbios da IUCN e coautor do artigo.

Quando o especialista fala em segunda pandemia ele se refere à proliferação de um outro fungo mortal para os anfíbios, o Batrachochytrium dendrobatidis (Bd), que causa a quitridiomicose (leia mais aqui).

Dois em cada cinco anfíbios do mundo estão em risco de extinção

Espécie de salamandra encontrada em árvores da Colômbia
(Foto: © Robin Moore/Re:wild)

Alterações climáticas se tornam uma ameaça maior

O que o novo levantamento da IUCN aponta é que, além do desmatamento, perda de habitat e expansão agropecuária, a crise climática vem tendo um papel cada vez maior sobre a extinção de anfíbios. Em um período de pouco mais de 15 anos, 300 espécies tiveram uma redução enorme em suas populações e as alterações no clima do planeta foram responsáveis por 39% desses casos.

Por nascerem e se reproduzirem na água e serem mais suscetíveis à mudanças de temperaturas, os anfíbios são mais vulneráveis aos extremos climáticos, como seca, incêndios e inundações.

“O impacto rapidamente crescente das alterações climáticas, juntamente com a degradação contínua dos habitats e as ameaças relacionadas com doenças, exigem resposta unificada por parte de investigadores, conservacionistas e tomadores de decisão em todo o mundo”, destaca Gina Della Togna, diretora executiva da Amphibian Survival Alliance e membro do Grupo de Especialistas em Anfíbios da IUCN.

No Brasil, país com maior diversidade global de anfíbios, a análise indica que 26 espécies foram possivelmente extintas, sem terem sido registradas em ambientes naturais desde a década de 1980 ou antes, e outras 189 estão classificadas como “criticamente ameaçada”, “em perigo” ou “vulnerável”.

“A grande maioria dessas espécies são endêmicas, ou seja, só existem em nosso país”, diz o biólogo Iberê Farina Machado, coordenador da Avaliação de Anfíbios da IUCN no Brasil e um dos pesquisadores que assina o artigo.

Todavia, não há só más notícias. Graças a esforços de proteção, nove espécies tiveram melhora em seus estados de conservação, como é o caso da perereca-de-Alcatrazes (Ololygon alcatraz) e rã-das-pedras-de-Alcatrazes (Cycloramphus faustoi), ambas espécies da Ilha de Alcatrazes, no estado de São Paulo.

“Em um país onde as alterações ambientais pioraram a situação das espécies, é importante ampliar as políticas e ações de preservação ambiental e mitigar os efeitos das mudanças climáticas. A perda da diversidade de anfíbios é um passo a mais em direção ao precipício”, ressalta o especialista.   

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Foto de abertura: Sandeep Das

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