Inspirados pela famosa frase atribuída à rainha francesa Maria Antonieta – “Eles não têm pão? Que comam brioches!” -, ontem, 31/8, ativistas da organização ANV-COP21 denunciaram, de forma criativa e impactante, as atividades de extração de petróleo da companhia Total Energies, que “há mais de 50 anos contribui ativa e conscientemente para promover alterações climáticas no planeta”.
Vale lembrar que, por vários anos, a Total tentou explorar petróleo na Foz do Rio Amazonas (hoje cobiçado pela Petrobras), mas, em 2018, desistiu do empreendimento depois de mais um pedido de licenciamento negado pelo Ibama.
“Assustador e inaceitável!
O protesto foi realizado próximo à cidade e comuna de Perpignan, nos Pireneus Orientais, sul do país, com a pintura de um afresco gigante – 25m X 45m – no leito seco do rio Agly.
Com tinta orgânica, eles produziram o desenho que se baseia nos contornos do logotipo da Total Energies (representando a silhueta de um personagem bebendo direto de uma mangueira de gasolina), acompanhado pelo slogan irônico “Eles não têm mais água? Que bebam petróleo!”.

Com esta ação, eles denunciam a responsabilidade histórica e atual da empresa pelas mudanças globais do clima e pela intensificação das secas que assolam a França.
“Os produtores de petróleo, gás e carvão são os principais culpados pelas alterações do clima, como o IPCC indicou claramente”, disse Zoé Pélegry, porta-voz da ANV-COP21, na ocasião.
“A Total Energies sabe, há décadas, que suas atividades ajudam a provocar o aumento das temperaturas globais, com consequências devastadoras. Mas, em vez de utilizar esta informação para encontrar soluções, a esconde e mente aos cidadãos para continuar a colher enormes lucros. Isto é, ao mesmo tempo, assustador e inaceitável“.
“Havia água neste rio, agora só há pedras e terra!”
Julho de 2023 foi o mês mais quente já registado na Terra, de acordo com registros da agência europeia Copernicus. Durante o verão do hemisfério norte, foram batidos recordes de temperatura em diversos países, entre os quais a China, a Itália e os Estados Unidos, além dos oceanos.
E, segundo a ANVCOP21 destaca, especialistas em clima já prevêem queda de 10 a 40% na disponibilidade de água na França, nas próximas décadas, com consequências drásticas obviamente.
“Havia água neste rio [foto acima], agora só há pedras e terra. Cidadãos, agricultores, presidentes de câmara, empresas e muitos outros sofrem as consequências da falta de água, enquanto empresas de combustíveis fósseis continuam a obter lucros exorbitantes”, destaca Jérôme Suzeck, que vive na região.
De acordo com a organização, só no ano passado, a Total Energies obteve lucros superiores a 36 milhões de euros (ou mais de R$ 190 milhões). “O presidente Emmanuel Macron e outros líderes mundiais têm a obrigação moral de fazer com que estas empresas paguem pelas consequências do problema que criaram”, sentencia.
“Eles acumulam os lucros, nós sofremos as consequências”, protestam os integrantes da ANV-COP21. “Os poluidores têm que pagar. A energia fóssil precisa de ficar no chão!”.
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A seguir, veja os ativistas em ação, pintando o leito seco do rio Agly:
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Foto:: Grégoire Salle/ANV-COP21