38,43oC. Essa foi a temperatura exata registrada nas águas da Baía de Manatee, na região de Florida Keys, dentro do Parque Nacional de Everglades, nos Estados Unidos. Especialistas em clima acreditam que o marco pode ser um recorde para os oceanos do planeta.
Nesta época do ano, verão no Hemisfério Norte, a temperatura da água nesta área da Flórida varia entre 23oC e 31oC, de acordo com a Agência Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês).
Os 38oC registrados nesse ponto da Flórida são a mesma temperatura de uma banheira borbulhante. Bem aquecida! Algo perturbador ao pensar que as águas dessa região são habitat para centenas de espécies de animais e plantas marinhas.
A suspeita desse ser um recorde se dá porque não existe um histórico de medição da temperatura global dos oceanos. O que se sabe é que no Golfo Pérsico a máxima chegou a 36,61oC, segundo um estudo publicado em 2020.
Todo o Hemisfério Norte vive uma onda de calor sem precedentes. Poucas vezes se observou temperaturas tão impressionantes. Vários países do Mediterrâneo estão lutando contra incêndios florestais, como Grécia, Itália, Tunísia e Argélia, onde 40 pessoas já morreram.
Do outro lado do Oceano Atlântico, há meses o Canadá também enfrenta o que já é considerado a pior temporada de incêndios florestais de sua história. E de costa a costa dos Estados Unidos, mais de 100 milhões de pessoas estão sob alerta. Em Phoenix, no Arizona, por três semanas seguidas os moradores acordam diariamente com temperaturas acima dos 43oC.
Seres humanos responsáveis pelos extremos climáticos do planeta
Um artigo publicado por pesquisadores do Reino Unido e da Holanda esta semana afirma que o calor extremo que ocorre atualmente na América do Norte, Europa e China são resultado direto das mudanças climáticas, provocadas pelas atividades humanas.
“Sem a mudança climática induzida pelo homem, esses eventos de calor teriam sido extremamente
raros. Na China, teria sido um evento de 1 em 250 anos, enquanto o calor máximo como em julho de
2023 teria sido praticamente impossível de ocorrer na região dos EUA/México e sul da Europa se o homem não tivesse aquecido o planeta queimando combustíveis fósseis”, alertam os cientistas.
O estudo ressalta ainda que ondas de calor estão entre os perigos naturais mais mortais, com milhares de pessoas perdendo a vida de causas relacionadas a elas. No entanto, o impacto total desses fenômenos climáticos raramente é percebido até semanas ou meses depois, uma vez que os atestados de óbito são coletados, ou os cientistas podem analisar o excesso de óbitos.
Como em muitos lugares não existe um bom sistema de registros de mortes relacionadas ao calor, os pesquisadores dizem que a mortalidade global provavelmente está subestimada.
“A menos que o mundo pare rapidamente de queimar combustíveis fósseis, esses eventos se tornarão ainda mais comuns e o mundo experimentará ondas de calor ainda mais quentes e duradouras. As ondas de calor extremo como as recentes ocorreriam a cada 2-5 anos em um mundo que é 2°C mais quente do que o clima pré-industrial”, alertam os cientistas.
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Foto de abertura: Martin Str por Pixabay