Em 2020 um grande esforço de organizações e pesquisadores deu o ponta-pé inicial para um grande projeto de reintrodução do demônio-da-tasmânia na Austrália continental após 3 mil anos de sua extinção ali.
Naquele ano, 26 desses animais, também chamados de diabos-da-tasmânia, foram soltos em um santuário de vida selvagem de 400 hectares ao norte de Sidney, na Nova Gales do Sul.
A espécie (Sarcophilus harrisii), endêmica da Tâsmania, uma ilha no extremo sul da Austrália, também podia ser encontrada na parte continental do continente num passado muito distante. Mas a chegada dos colonizadores europeus fez com eles fossem dizimados completamente dessa área. Acredita-se que uma das principais causas foi a introdução de outros predadores, como o dingo, um cão selvagem, originário dos alpes australianos, que caça o demônio-da-tasmânia.
Um ano após a reintrodução, o projeto já mostrava resultados: nasciam os primeiros filhotes em vida livre (leia mais aqui).
Agora, três anos depois, mais boas notícias chegam do outro lado do mundo. No monitoramento anual realizado pelos pesquisadores, constatou-se que Lisa está com filhotes em sua bolsa – diabos-da-tasmânia são marsupiais, assim como os cangurus.
Lisa foi um dos animais soltos há três anos pelo ator australiano, Chris Hemsworth, que faz o personagem Thor, da Marvel, e a esposa e atriz Elsa Pataky e seus filhos.
“Isso é extremamente significativo. São os primeiros filhotes confirmados de 2023 e prova mais uma vez que nosso programa é um grande sucesso”, comemorou Tim Faulkner, diretor da organização Aussie Ark, responsável pelo projeto de reprodução e reintrodução da espécie.
Chris Hemsworth durante a primeira reintrodução em 2020: nos anos seguintes, mais demônios-da-tasmânia foram soltos na área protegida
A reintrodução do diabo-da-tasmânia faz parte do projeto “Rewild Australia” (“Torne a Austrália Selvagem Novamente”, em tradução livre para o português), que busca recuperar espécies e habitats no país, assim como eles eram em séculos passados.
Por serem os maiores marsupiais carnívoros do mundo, os diabos-da-tasmânia ajudam a controlar a população de gatos selvagens e raposas, que ameaçam outras espécies endêmicas e ameaçadas, além de equilibrar os números de outros animais, como cangurus. Seu retorno à natureza é importante para restabelecer o equilíbrio do ecossistema local.
Infelizmente, os diabos-da-tasmânia que vivem na ilha ao sul da Austrália estão sendo dizimados por um câncer altamente contagioso, que deforma o focinho e a boca, impedindo-os de se alimentar. Desde 1996, já houve uma redução de 90% de sua população no local. Estima-se que restem cerca de 25 mil.
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Fotos e informações: Aussie Ark