A história de Mundi é brutal. E infelizmente não é só a dela. Na década de 80, dezenas de elefantes foram mortos no Zimbábue, a mando do próprio governo, e diversos filhotes ficaram órfãos. Entre eles, essa fêmea, com apenas dois anos de idade. Na época, o milionário norte-americano Arthur Jones organizou uma missão de resgate aos jovens animais e levou 63 deles para uma propriedade na Flórida.
Dois anos depois, Jones começou a vender os elefantes para zoológicos, circos e proprietários particulares. Cega de um olho e com uma de suas presas quebradas, após um ataque de outro animal, Mundi foi parar num circo e depois, num zoológico em Porto Rico.
Lá a elefanta ficou durante 35 anos, vivendo sozinha, num recinto. Todavia, em 2018, o local foi interditado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, que recebeu denúncias de irregularidades e maus-tratos a animais.
Finalmente, em fevereiro deste ano, o zoológico foi fechado e os bichos encaminhados a outras instituições.
Com a ajuda da Proteção Animal Mundial e da Elephant Aid International, no último dia 12 de maio, Mundi foi transportada para o santuário Elephant Refuge North America (ERNA) no estado da Geórgia. A operação para a transferência de Mundi, que pesa 3.600 kg, envolveu um avião fretado para o voo até os Estados Unidos.
“Mundi sofreu em cativeiro a vida inteira e estamos ansiosos para cuidar dela e dar-lhe a vida que ela merece”, diz Carol Buckley, fundadora e presidente da Elephant Aid International.
Mundi tem 41 anos e exames indicam que apresenta uma boa saúde. Calma, mas curiosa,
tem explorado o seu novo lar
(Foto: divulgação Proteção Animal Mundial)
Com quase 350 hectares, o santuário é rodeado por colinas, florestas fechadas e possui ainda um lago. Não é aberto à visitação pública, e segundo a equipe local, é o lugar perfeito para que elefantes recuperem seus instintos naturais.
“Na Proteção Animal Mundial trabalhamos com base na senciência animal. Sabemos que os animais têm sentimentos complexos e podem sofrer profundamente quando expostos a situações de confinamento como a que Mundi foi exposta”, lamenta Roberto Vieto, Animal Welfare Advisor da organização. “Por 35 anos, ela morava sozinha em um pequeno recinto com acesso apenas a um abrigo interno escuro. Isso não é vida para nenhum animal. Estamos muito felizes em poder apoiar o resgate e proporcionar uma vida de liberdade e cuidados adequados a ela”.
Foto de abertura: divulgação Proteção Animal Mundial