O Parque Estadual do Rio Doce foi a primeira Unidade de Conservação criada em Minas Gerais. Localizado a pouco mais de 200 km da capital Belo Horizonte, possui a maior área contígua de Mata Atlântica preservada do estado. Seus quase 36 mil hectares são habitat de diversas espécies de animais, e bem recentemente, se tornarão o lar também de três filhotinhos de onça-pintada (Panthera onca).
O registro da presença dos novos moradores do parque foi feito pelas câmeras de armadilhas fotográficas instaladas no local. Elas flagraram num vídeo, gravado em janeiro, mas divulgado apenas agora, uma fêmea de onça-pintada acompanhada de dois filhotes, que na época pareciam ter cerca de um a dois meses de idade.
Além da nova família, as armadilhas também documentaram um outro filhote, esse já com aproximadamente dois anos, ao lado de outra fêmea. Os animais são monitorados pelo projeto “Carnívoros do Rio Doce”, executado pelo Instituto Prístino.
A notícia da chegada dos três novos filhotes foi divulgada ontem (25/04) pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) porque há exatos quatros anos foi avistado um macho de onças pintada no Jardim Botânico da instituição, o que então causou um grande alvoroço na comunidade local e uma mobilização que envolveu equipes de nove organizações.
Com o Jardim Botânico fechado para visitação pública dias após ser inaugurado, pouco mais de duas semanas do animal ter sido visto pela primeira vez, ele foi capturado e levado justamente para o Parque Estadual do Rio Doce, área de preservação mais próxima de Juiz de Fora.
A onça foi batizada carinhosamente de “Juiz”. Era um jovem macho, com cerca de 4 anos, forte e saudável, que pesava 51,6 kg e media 1,80 m.
Segundo relatos de moradores, Juiz não tinha passeado somente no Jardim Botânico, mas por algumas ruas do Bairro Industrial e possivelmente atacou por duas noites seguidas um galinheiro.
Uma das imagens registradas da fêmea de onça-pintada e dois filhotes
(Foto: reprodução de vídeo/Projeto Carnívoros do Rio Doce)
Não há como saber se os novos filhotes do Parque Estadual do Rio Doce são filhos de Juiz. Para tal, seria necessária a realização de exames de DNA. Além disso, há um outro macho dominante naquela área.
“A onça que passou por aqui hoje faz parte da mitologia e da história do Jardim Botânico. Foi um processo muito enriquecedor para a Unidade e toda a equipe de trabalhadores. Para eternizar esse momento tão mágico, criamos em nosso Centro de Educação Ambiental um painel intitulado “O Causo da Onça-pintada”, que contém uma linha do tempo sobre momentos desde o registro do animal até a sua captura e soltura no Parque Estadual do Rio Doce”, conta Breno Moreira, diretor do Jardim Botânico da UFJF.
Estima-se que restem na Mata Atlântica entre 230 e 300 onças-pintadas. Um terço delas está na área que abrange o Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná, e reservas adjacentes do lado argentino.
Juiz, a onça-pintada que ficou famosa por dar uma voltinhas em Juiz de Fora
(Foto: Pedro Nobre/UFJF – 2019)
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Foto de abertura: reprodução de vídeo/Projeto Carnívoros do Rio Doce
