Kdu dos Anjos é artista, líder comunitário e gestor do centro cultural Lá da Favelinha, no Aglomerado da Serra, a maior favela de Minas Gerais, que fica em Belo Horizonte.
Durante o período mais crítico da pandemia, em 2020, o centro ajudou a alimentar cerca de 70 mil pessoas e tornou-se um dos destaques do Prêmio Empreendedor Social, da Folha de SP, na categoria ‘Em Resposta à Covid-19’.
Ao mesmo tempo, ele estava prestes a realizar “o sonho da casa própria”, com projeto do coletivo Levante, que reúne designers, engenheiros, paisagistas e estudantes voluntários, liderados pelos arquitetos Joana Magalhaes e Fernando Maculan.
Em 2017, os arquitetos erguiam a sede do centro quando surgiu a ideia da casa, que parecia um sonho distante ou praticamente impossível, mas que se materializou três anos depois.
Kdu se mudou para a Casa no Pomar do Cafezal – que ele chama carinhosamente de “meu barraco” – em dezembro de 2020.
Diferente, inusitada, ética e sustentável
A casa charmosa de 66 m² e dois andares tem um quarto, dois banheiros, cozinha americana, área de serviço, deck e duas lajes que viraram espaços deliciosos de convivência.
Ela foi erguida com o ‘clássico bloco de 8 furos’, usado de maneira inusitada, na horizontal, e não na vertical como é tradicional por garantir rapidez na construção.
Os tijolos são aparentes em respeito à estética e ao estilo das construções ao redor, de forma a integrá-la ao morro, sem se impor (no vídeo que reproduzo no final deste post, Kdu explica melhor essa opção).
Ela chama a atenção, claro, visto que é bem-acabada, mas, como explicou o arquiteto Fernando Maculan à reportagem da Folha de SP, “fizemos uma escolha deliberada pelo mimetismo, que não é uma decisão meramente estética, mas também ética”.
Outra característica marcante é a iluminação e a ventilação naturais, que respeitam princípios ambientais e aproveitam a geografia do terreno. A vista é excepcional.
Casa do Ano: vote até 15 de fevereiro!
Agora, a moradia mais famosa do Aglomerado da Serra disputa, com projetos luxuosos espalhados pelo planeta, o prêmio Building of the Year 2023 (Construção do Ano de 2023), na categoria casa, promovido pelo ArchDaily, o maior portal de arquitetura no mundo, que tem uma versão brasileira.
E você pode ajudar Kdu e o coletivo Levante a conquistarem esse prêmio: como ele disse, a votação é popular e online, e vai até 15 de fevereiro (vote aqui). Nesta fase, serão eleitos cinco representantes de cada categoria (são 15, ao todo) e os vencedores serão conhecidos no dia 23 deste mês.
Em seu Instagram, Kdu comemorou a notícia: “Estamos indicados ao barraco mais doido do mundo! Inacreditável gente! Meu barraco tá concorrendo a “casa do ano” mundial, pela @archdaily. A casa do pomar, ou barraco do kdu, tá num beco, numa rua do serrão que não tem nem cep, não tem água encanada nem energia legal, o “bairro” foi construído na tora pelos moradores, a estrutura do meu barraco fortalece a sustentação do beco inteiro, popularmente moro na rua sustenido, beco jenipapo (poesia)! Tenho muito que agradecer muita gente!”.
“Agora é VOTAÇÃO! Votem gente! Textão não vence paredão! É votação! Obrigado Deus, meus orixás, minha família, meus migo, meus cachorro, gato e plantas! Essa é pro serrão!”.
Do Aglomerado da Serra para o mundo
Quem levou o ‘barraco do Kdu’ para o mundo foi o fotógrafo de arquitetura Leonardo Finotti, que se encantou pela casa, assim que a viu, e a fotografou para um editorial. Enviou as imagens para sites especializados, entre eles o ArchDaily.
A partir daí, a construção ganhou fama. Ficou entre as dez casas mais curtidas do portal nas redes socias e entre os 50 projetos arquitetônicos mais interessantes do Brasil. Graças a essas listas, foi parar no concurso internacional e colocou o Aglomerado da Serra no mundo.
Copiável, replicável, inspirador
Os materiais e os sistemas de construção da casa do Kdu foram escolhidos pelos arquitetos com a intenção de facilitar a cópia. Isso mesmo!
Segundo Maculan, o projeto pode ser copiado e executado com base nos métodos tradicionais de construção e de mutirão. “É ótimo que isso aconteça!”, declarou à Folha, elogiando a qualidade da mão-de-obra de pedreiros e mestres de obra, que vivem na favela. Inspiração para a ação!
A seguir, assista o Kdu comentando a técnica de utilização dos tijolos de oito furos em sua casa e mostrando o resultado. E veja também como ficou o cobogó produzido com eles.
Fontes: ArchDaily, Folha de SP
Quero votar! Como eu faço?
Ana,
O link para a votação está logo abaixo do subtítulo: Vote até 15 de fevereiro.
Abraço,
Suzana
Parabéns, fiquei maravilhada
Qual a categoria ele está? Tem várias lá e eu não achei mó texto
Olá Sueli!
A categoria está indicada no texto, no trecho CASA DO ANO: VOTE ATÉ 15 DE FEVEREIRO!
A categoria é Casa.
Mas, olha, ontem o ArchDaily divulgou os finalistas e o barraco do Kdu está entre eles.
Contamos aqui – https://bit.ly/3lEBR5B – e indicamos o link para votação no início do texto.
Se vc curtiu o projeto, vota lá!
Vai ser lindo se a casa do Kdu ganhar.
Abs
A casa é o espaço físico de harmonia onde o corpo habita para repousar a alma. Sucesso Kdu e todas as pessoas envolvidas nesse projeto. Vamos votar gente!