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Biólogos conseguem registrar o momento único do primeiro voo de um filhote de arara-azul

Biólogos conseguem registrar o momento único do primeiro voo de um filhote de arara-azul

Imagens lindas demais. O primeiro voo de um filhote de arara-azul. Foi este momento único que biólogos da equipe do Instituto Arara Azul, no Mato Grosso do Sul, conseguiram registrar pela primeira vez, em fotos, na semana passada. A ave estava num ninho artificial, localizado atrás da sede de pesquisa do projeto, e estima-se que tenha quase três meses e meio de vida.

“Era de manhã bem cedo e estávamos nos preparando pra entrar no carro para realizar os monitoramentos, como de costume. O ninho artificial estava com dois filhotes, já bem próximos de deixar o ninho. O que nos chamou atenção foi o casal de araras azuis vocalizando mais do que o normal e, quando fomos em direção do ninho, o filhote mais velho havia saído e subido em cima da caixa! Ele também estava vocalizando, respondendo o chamado dos pais. Muito rapidamente, ele pulou de cima do ninho, voou desengonçado para longe e o casal o acompanhou, um de cada lado do filhote, até eles desaparecerem no horizonte”, contou Fernanda Mussi Fontoura, bióloga do Instituto Arara Azul e doutoranda do programa de Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional da Uniderp.

A profissional explica que após o nascimento, o filhote passa três meses e meio no ninho, sob o cuidado dos pais. Todavia, nesse intervalo ele corre o risco de ser predado ou morrer de outras causas naturais. “Por isso que, quando ele consegue sobreviver até a idade de voo e vê-lo deixar o ninho com sucesso, principalmente de um ninho artificial, representa uma grande conquista pra essa espécie (que é frágil em termos de exigências ambientais) e para nós que trabalhamos com conservação!”, diz Fernanda. “Esse é um dos motivos que pra mim, presenciar o voo de um filhote é como ganhar na loteria! É um momento único e muito especial!”.

Os filhotes ainda devem permanecer com os pais por um longo tempo, cerca de um ano e meio, período em que aprenderão como sobreviver na natureza, e só então, seguirão seu próprio caminho.

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A arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus) está ameaçada de extinção. Com 1 metro de comprimento, da ponta do bico até a ponta da cauda, ela é a maior espécie no mundo da família Psittacidae. Vive em grupo, em bandos de 10 a 30 indivíduos. Na região do Pantanal, 90% dos ninhos são encontrados nas árvores de manduvi e são reutilizados por elas de ano para ano.

Há mais de três décadas a equipe do Instituto Arara Azul, fundado pela bióloga Neiva Guedes, estuda a vida dessas aves, maneja e recupera ninhos naturais e artificiais e, acima de tudo, envolve moradores locais nas ações de conservação e divulga a importância de manter as araras livres na natureza.

Graças a esse trabalho, a arara-azul, que ao final da década de 80 tinha uma população estimada em 1,5 mil indivíduos, hoje chega a 6,5 mil.

Abaixo mais imagens do flagrante do primeiro voo do filhote de arara azul:

Biólogos conseguem registrar o momento único do primeiro voo de um filhote de arara-azul

Biólogos conseguem registrar o momento único do primeiro voo de um filhote de arara-azul

Biólogos conseguem registrar o momento único do primeiro voo de um filhote de arara-azul

Medalhas para facilitar o monitoramento das araras

Como contei aqui há pouco tempo, em dezembro o Instituto Arara Azul começou a usar uma nova técnica de monitoramento com as aves. Filhotes de arara-canindé ganharam medalhas com número de identificação para facilitar sua visualização à distância, e assim, obter mais informações sobre hábitos e deslocamentos das mesmas.

Além disso, a população de Campo Grande foi convidada para auxiliar no monitoramento das araras, participando como “Cidadãos Cientistas“.

Agora, araras-azuis, tanto no Pantanal como no Cerrado, também estão recebendo as medalhas. Neste primeiro momento elas serão colocadas apenas numa pequena amostra de indivíduos, 30, mesmo número que se decidiu para as araras-canindés.

E o filhote que teve seu primeiro voo fotografado é um dos que tem uma medalha, a número 2.

A forma mais comum de monitorar esses animais é com o uso de anilhas, também numeradas, colocadas no tarsometarso (pata/perna, acima do pé), o que é feito quando eles são jovens, ainda nos ninhos.

“Essa marcação permite conhecer um pouco da história de vida desses indivíduos, como deslocamento, idade reprodutiva, fidelidade aos ninhos, dentre outras informações, mas isso só é possível quando se consegue observar a numeração da anilha o que não é muito fácil, sendo necessário o uso de binóculo ou uma boa câmera fotográfica”, explicam os profissionais do instituto.

A expectativa é que com as medalhas se possa conhecer ainda mais sobre essas aves tão lindas, que dão um colorido sem igual aos céus do Brasil.

Um dos filhotes de arara-azul que já recebeu uma medalha de identificação

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Fotos: divulgação Instituto Arara Azul/Bruno Carvalho

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