Filhotes de arara-canindé ganham medalhas com número e população é convidada a ajudar monitoramento das aves em Campo Grande

Filhotes de  arara-canindé ganham medalhas e população é convidada a ajudar monitoramento das aves em Campo Grande

Essa é uma técnica de monitoramento já muito usada em outros países, como Austrália e Nova Zelândia. Aqui no Brasil também é empregada nas araras-azuis-de-lear, na Bahia. Agora o Instituto Arara Azul, no Mato Grosso do Sul, começou a utilizá-la com as araras-canindés. Uma medalha com um número, que pesa menos de 1% do peso corporal da ave e nem a machuca nem a incomoda, é colocada em seu pescoço. Com essa identificação, os pesquisadores conseguem visualizar melhor o animal de longe, e o melhor, sem a necessidade de capturá-lo, como acontece no caso das anilhas. E assim, aprendem mais sobre seu comportamento, hábitos e a sua distribuição, ou seja, por onde andam voando.

Até o final do ano, o Projeto Aves Urbanas na Cidade, do Instituto Arara Azul, colocará medalhas em 30 filhotes. E a intenção é que a população de Campo Grande auxilie no monitoramento deles, participando como “Cidadãos Cientistas“.

O instituto explica que pessoas de qualquer formação ou idade podem ajudar. “Quando avistarem uma arara com medalha, poderão contribuir com a pesquisa, de preferência fazendo um registro em foto ou vídeo. Com o uso do celular, que se tornou amplo e inclusivo, a ideia é que todos possam contribuir. Um grupo de whatsapp foi criado para receber as informações enviadas pelos moradores. O ideal é que enviem imagens mostrando a numeração da medalha, falem da localização e se possível falem da atividade do animal (por exemplo, se estava comendo, pousada ou voando). Tais informações irão contribuir imensamente com a pesquisa”, esclarecem os pesquisadores.

As fotos e os detalhes do avistamento devem ser enviados para o WhatsApp (67) 99940-4063.

“Esta inovação no projeto tem como objetivo o monitoramento destas aves, onde será possível o levantamento de mais informações sobre os seus hábitos, como o deslocamento após saírem do ninho, além de outras informações sobre a vida desses animais”, afirmou em nota nas redes sociais o Instituto Arara Azul.

Desde 2015 a arara-canindé é considerada a ave símbolo da capital do Mato Grosso do Sul. E em 2018, foi aprovada uma lei que proíbe o corte, derrubada, remoção ou sacrifício de árvores, adultas ou não, onde elas fazem ninhos. Só em 2021, foi registrado o nascimento de mais de 200 filhotes na cidade.

Então, se você mora em Campo Grande ou está de passeio, olhe para cima: avistou uma arara com a medalhas? Fotografe e compartilhe!

A arara-canindé

Também conhecida como arara-de-barriga-amarela, a arara-canindé (Ara ararauna) mede entre 75 e 86 cm e pesa cerca de 1 kg. Tem a parte superior do corpo com coloração azul e a inferior amarela, com fileiras de penas faciais pretas, assim como a garganta.

A espécie pode ser encontrada em diversos países da América do Sul e Central, como Panamá, Colômbia, Guianas, Equador, Peru, Bolívia, Paraguai e Argentina. No Brasil, é observada na região norte, centro-oeste e no sudeste, nos estados da Bahia, Minas Gerais e São Paulo. Em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, ela é facilmente vista voando pelos céus da cidade.

Seu principal habitat são áreas de várzeas com buritizais, babaçuais e beira de mata. Alimenta-se de frutas e sementes, na sua maioria de palmeiras.

Um dos filhotes com as medalhas de identificação

Fonte/informações: Instituto Arara Azul

Leia também:
Arara de cidade grande
Ocos urbanos, cheios de surpresas
Bióloga Neiva Guedes, a guardiã das araras-azuis, ganha homenagem da Turma da Mônica
Em artigo internacional, pesquisadoras brasileiras alertam sobre morte de araras-azuis envenenadas com pesticidas

Fotos: divulgação Instituto Arara Azul

Deixe uma resposta

Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.