No ano passado, o líder indígena, pensador e autor Ailton Krenak lançou um livrinho muito simpático e precioso que o levou a uma tournée intensa por diversas cidades brasileiras. O título parece prometer dicas infalíveis para enfrentar as dificuldades e driblar a destruição a que temos submetido o planeta, cada vez com mais intensidade: Ideias para Adiar o Fim do Mundo.
Por isso, o livro se tornou best-seller rapidamente, se destacando em diversas listas dos mais vendidos. Brasileiros desejosos de vislumbrar alguma luz no cenário inóspito que este governo criou desde janeiro de 2019 lotavam os encontros marcados com ele – “do Oiapoque ao Chuí – para falar do livro e dessas ideias que os ajudariam a transformar o mundo.
Esses encontros – com figuras notáveis de diversas áreas – eram como um sopro de luz e esperança para enfrentar 2020. Mas sua continuidade neste ano foi drasticamente interrompida pela pandemia da covid-19.
Ailton deixou de ser um viajante constante, se isolou com a família e os parentes em sua aldeia à beira do rio Watu – que nós chamamos de Doce e está submerso pela lama tóxica da mineradora Vale – e se adaptou às telas do celular e do computador.
Lá, recebe e aceita convites diários para continuar fazendo suas declarações amorosas e inspiradoras para pessoas de todos os cantos do país.
Fala para comunidades, estudantes, professores, artistas, indígenas, editores, filósofos, em encontros fechados ou abertos, sozinho ou na companhia de um interlocutor. Não recusa nenhum pedido, a menos que seja impossível. E, assim, se transformou no brasileiro que mais participa de lives na internet.
Durante uma entrevista sobre o prêmio Juca Pato – com o qual foi agraciado em setembro -, ele me contou que está cansado dessa correria, que participa de até cinco lives por dia, inclusive aos sábados e domingos, E, por isso, a partir de janeiro de 2021, não participará de mais nenhuma. “Vou para Tangolomango!”, disse, mas essa é uma outra historia. Voltemos à Amazônia!
Conte sua ideia!
Inspirado pelo desejo coletivo de ouvir as ideias de Krenak e com a intenção de encerrar este ano difícil com uma nova perspectiva, Marcos Cólon, do site Amazônia Latitude, lançou este desafio para seus leitores, amigos e seguidores: Qual sua ideia para adiar o fim da Amazônia?
“Afinal, o que podemos fazer para postergar mais um pouquinho o fim? Por que é tão difícil comunicar essa urgência, quando a ciência, há tempos, se mostra unânime? Aliás, por que mesmo a Floresta Amazônica tem toda essa importância? O que nós podemos fazer, quando as instituições, os políticos e as corporações parecem querer justamente o contrário? Qual a sua ideia?”, desafia.
E destaca: “Este projeto reitera o que a comunidade cientifica já confirmou e que os povos da floresta denunciam há tempos: dependemos da Amazônia viva para que haja século XXI“.
Krenak, para quem a desgraça não suprime o bom humor, dá mais este recado: “O tipo de humanidade zumbi que estamos sendo convocados a integrar não tolera tanto prazer, tanta fruição de vida. Então pregam o fim do mundo como uma possibilidade de fazer a gente desistir dos nossos próprios sonhos. E a minha provocação sobre adiar o fim do mundo é exatamente sempre poder contar mais uma história. Se pudermos fazer isso, estaremos adiando o fim”.
Com este post, repasso o convite e a pergunta provocadora do Amazônia Latitude para os leitores do Conexão Planeta. Participe! Responda em áudio ou vídeo e envie o arquivo para este link. Não esqueça de se identificar.
Se você ainda não leu o livro de Krenak e quer saber um pouco mais, antes de participar deste desafio, leia esta resenha. Em seguida, ouça o áudio do pensador indígena em resposta à questão: Qual a sua ideia para adiar o fim do mundo?
Foto: Reprodução vídeo