Quando uma espécie é descoberta, seja da fauna ou da flora, logo é batizada pelos pesquisadores. Em geral, ganham o nome do pesquisador principal ou de algum notório cientista. Mas, quando o escolhido é uma personalidade conhecida – seja de área correlata ou nem tanto -, o acontecimento fica ainda mais pop.
Já falamos aqui, no Conexão Planeta, por exemplo, sobre o besouro descoberto em 1965 pelo naturalista inglês William Block, em Nairóbi, no Quênia, e que só foi descrito no ano passado pelo cientista britânico Michael Darby. Ele o batizou de Nelloptodes gretae em homenagem a ativista climática Greta Thunberg.
Também contamos, no mês passado, sobre a perereca descoberta em Pernambuco, que recebeu o sobrenome do cantor Luiz Gonzaga e um baião criado especialmente pra ela por seu neto. Pithecopus gonzagai.
A última homenagem de que temos notícia foi divulgada esta semana: quatro pesquisadores do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) anunciaram a descoberta de uma nova espécie de marsupial.
Para batizarem a espécie do pequenino bicho da foto com um nome científico, Claudilívia Ferreira, Ana Cristina Mendes de Oliveira, Luan Gabriel Lima-Silva e Rogério Vieira Rossi escolheram o home da ex-ministra, ex-senadora do Acre e ambientalista Marina Silva.
E, assim, o simpático marsupial pertence, agora, à espécie Marmosops marina.
Mais um reconhecimento
Nas redes sociais – Twitter e Facebook – Marina não conteve a alegria e a emoção: “O sobrenome científico do simpático bichinho foi uma homenagem com que esses cientistas me causaram forte emoção”, comentou ela no Twitter. E, por fim, confessou que se identificou pessoalmente com o bichinho – “pequeno, magrinho e de olheiras escuras” -, agradecendo o presente de Natal.
Lembrou que esta não foi a primeira vez que batizou uma descoberta científica: “É a segunda vez que recebo essa honraria, a primeira foi com uma espécie vegetal, a Tibouchina marinana, atual Pleroma marinana, identificada pelos pesquisadores Claudio Nicoletti de Fraga e Paulo José Fernandes Guimarães do Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro“.
E continuou: “Nasci e cresci na floresta e tenho dedicado minha vida à defesa da natureza e à luta por um modo de desenvolvimento humano baseado no respeito ao meio ambiente. Uma homenagem dessas representa, para mim, o reconhecimento de minha identidade e de meu trabalho.
Em meio a tanta incompreensão e até perseguições, é um alívio receber um abraço solidário, um olhar amoroso, uma citação respeitosa, especialmente vindo de gente que cultiva a lucidez atenta no conhecimento da realidade, atributo essencial da Ciência..
Acho que esses bons amigos percebem que também reconheço a importância do trabalho que fazem e sou solidária nas dificuldades (e até perseguições) que eles enfrentam.
É desalentador que o país de maior biodiversidade do planeta dê tão pouca atenção ao trabalho de conhecer e proteger seu grande tesouro.
É revoltante que o governo desse país corte verbas, enfraqueça as instituições e coloque crescentes dificuldades aos seus cientistas e pesquisadores. Tenho esperança de que o Brasil possa superar esse momento obscuro e afirmar-se com sua verdadeira vocação, de ser fonte de vida e sabedoria para as futuras gerações da humanidade.
O trabalho científico é essencial para descortinar o horizonte desse futuro, assim como a proteção e o apoio às comunidades indígenas e populações tradicionalmente ligadas à natureza e que desenvolvem seu minucioso e vasto conhecimento.
Aprendi a olhar e distinguir todo tipo de vida, animal e vegetal, com meus parentes e amigos que viviam na floresta. Conheço não apenas as aplicações práticas desse saber, mas também o encanto e a riqueza espiritual que ele proporciona.
E até confesso que me identifiquei pessoalmente com esse marsupial, pequeno, magrinho e de olheiras escuras, pesquisado pela equipe de Mato Grosso. Por isso agradeço, sensibilizada, esse verdadeiro presente no mês do Natal”.
Belíssima homenagem! Que venham outras.
Marsupiais são mamíferos que se diferenciam dos demais dessa categoria por terem uma bolsa com glândulas mamárias na qual carregam os filhotes ainda em fase embrionária. Os mais conhecidos exemplos são cangurus e coalas encontrados na Austrália; e gambás e cuícas encontrados na América do Sul.
Veja o post de Marina Silva no Twitter:
Marmosops marina é o nome dado ao pequenino marsupial de uma nova espécie identificada pelos pesquisadores Claudilívia Ferreira, Ana Cristina Mendes de Oliveira, Luan Gabriel Lima-Silva e Rogério Vieira Rossi, do Instituto de Biociências da UFMT. pic.twitter.com/ZmWMQOfm1T
— Marina Silva (@MarinaSilva) December 7, 2020
Foto: Divulgação
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