
Pesquisadores do mundo inteiro estão na frente da batalha para tentar conter a disseminação do novo coronavírus, que já infectou mais de 100 mil pessoas e foi responsável pela morte, até este momento, de quase 4 mil pessoas, sobretudo em países como a China (mais de 90% das vítimas), epicentro da doença, Itália, Irã e Coreia do Sul.
No Brasil, duas cientistas realizaram um feito impressionante. Ester Cerdeira Sabino, professora do Departamento de Moléstias Infecciosas da Faculdade de Medicina e diretora do Instituto de Medicina Tropical, ambos da Universidade de São Paulo (USP), e a biomédica e pós-doutoranda Jaqueline Goes de Jesus, conseguiram decifrar o genoma do coronavírus dois dias após o registro do primeiro caso da doença no país.
Em geral, o sequenciamento de um genoma leva em média 15 dias, mas as pesquisadoras brasileiras o fizeram em apenas 24 horas (o genoma é a informação hereditária de um organismo, que está codificada em seu DNA). As duas já tinham experiência anterior com epidemias como a da dengue, zika e chikungunya.

As pesquisadoras da USP que decifraram o genoma do coronavirus
em apenas 24 horas
Ester e Jaqueline trabalham em parceria com equipes do Instituto Adolfo Lutz e da Universidade de Oxford, no Reino Unido. As informações obtidas são muito importantes para entender como o vírus está se dispersando globalmente e ajudar no desenvolvimento de vacinas e testes diagnósticos.
“Ao sequenciar o genoma do vírus, ficamos mais perto de saber a origem da epidemia. Sabemos que o primeiro caso confirmado no Brasil veio da Itália, contudo, os italianos ainda não sabem a origem do surto na região da Lombardia, pois ainda não fizeram o sequenciamento de suas amostras. Não têm ideia de quem é o paciente zero e não sabem se ele veio diretamente da China ou passou por outro país antes”, explicou Ester, em entrevista ao Jornal da USP.
Para homenagear as brasileiras, a Mauricio de Sousa Produções criou duas novas personagens do Donas da Rua da Ciência, espaço que resgata a trajetória de pesquisadoras e cientistas que marcaram a humanidade com suas ações.
“É incrível ver duas mulheres cientistas tendo destaque com o trabalho que realizaram”, diz Mônica Sousa, criadora do projeto e diretora executiva da Mauricio de Sousa Produções, em nota. “Nossa representatividade quanto mulheres deve estar em todos as áreas de atuação. São mulheres como elas que buscamos evidenciar. Enaltecer o papel delas no campo da ciência, é fundamental para inspirar e incentivar meninas e mulheres”.
O projeto Donas da Rua foi criado em 2016, com o apoio da ONU Mulheres. Estão lá nomes de grandes presenças do universo feminino, como Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Frida Kahlo, Lygia Clark, Marie Curie, Rachel de Queiroz e Bertha Lutz. E agora, Ester Sabino e Jaqueline de Jesus.
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Imagens: reprodução Donas da Rua/Mauricio de Sousa Produções