“Sou vítima de violência doméstica, recebo salário menor, sofri mutilação genital, não tenho o direito de me vestir como quero, não posso escolher com quem me casar, fui estuprada…
A violência contra as mulheres é um problema global que afeta a todos, sem distinção de raça, classe social ou religião”.
O texto acima acompanha os cartazes, espalhados pelas ruas de Milão, com os rostos de diversas mulheres, algumas das mais importantes e poderosas do mundo. As imagens que foram manipuladas digitalmente fazem parte da campanha “Só porque eu sou uma mulher”, idealizada pelo artista italiano AleXsandro Palombo. Seu objetivo é chamar a atenção das pessoas sobre a violência e a discriminação enfrentada por mulheres nos quatro cantos do planeta.
Palombo usou fotografias da chanceler alemã Angela Merkel, da ex-primeira-dama americana Michelle Obama, da congressista democrata americana Alexandria Ocasio-Cortez, da primeira-dama francesa Brigitte Macron e da ex-candidata à presidência dos Estados Unidos Hillary Clinton, dentre outras. Todas aparecem com hematomas, inchaços e marcas de violência.
“Queria ilustrar o drama que afeta milhões de mulheres em todo o mundo … denuncie, desperte a consciência e obtenha uma resposta real de instituições e políticas”, diz o artista.
Michelle Obama, ex-primeira dama dos Estados Unidos
Números estarrecedores divulgados pelas Nações Unidas, em novembro do ano passado, revelam que um terço de todas as mulheres e meninas sofrem violência física ou sexual durante a vida.
Além disso, metade das mulheres mortas no mundo foi assassinada por parceiros ou familiares. E a violência perpetrada contra elas é uma causa tão comum de morte e incapacidade para as pessoas em idade reprodutiva, quanto o câncer, e uma causa maior de problemas de saúde do que acidentes rodoviários e a malária juntos.
No Brasil, como escrevi no início do ano passado, 536 mulheres são agredidas, por hora.
AleXsandro Palombo já fez diversas campanhas e obras denunciando questões sociais e culturais, sobretudo, relacionadas às mulheres.
No passado, ele havia, inclusive, feito outra campanha parecida. Utilizou o rosto de atrizes, entre elas, Angelina Jolie e Madonna, para falar sobre a violência doméstica. Em outro trabalho, usou as princesas da Disney para discutir os problemas enfrentados por deficientes físicos.
A líder birmanesa Aung San Suu Kyi
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Imagens: reprodução campanha “Só porque eu sou mulher”