*Por Claudio Angelo
A área de alertas de desmatamento na Amazônia cresceu 95,8% em setembro em relação ao mesmo mês do ano anterior. Segundo dados do sistema Deter, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), foram ceifados 1.447 km2 de floresta no mês passado, contra 739 km2 em setembro de 2018.
Este é o terceiro mês consecutivo em que a área de alertas de desmatamento detectada pelo sistema de monitoramento por satélite é maior do que em qualquer outro mês de qualquer outro ano desde que a versão atual do Deter (o Deter-B) entrou em operação, em 2015.
Até junho deste ano, o desmatamento mensal detectado pelo Deter jamais havia ultrapassado 1.025 km2, variando nos meses de “verão” amazônico (a estação seca) entre 200 km2 e 1.000 km2. A partir de junho de 2019, ele passou a variar entre 1.000 km2 e 2.500 km2.
Os números de julho, agosto e setembro são, respectivamente, 149%, 66% e 41% maiores do que o pior mês da série do Deter-B até então.
O desmatamento na Amazônia é medido sempre entre julho de um ano e agosto do ano seguinte. Esse é o chamado “período Prodes”, que é reportado todos os anos pelo sistema do Inpe que dá a taxa oficial de desmatamento.
Entre agosto de 2018 (época da campanha presidencial) e julho deste ano, meses que formam a série de dados de 2019, o desmatamento acumulado nos alertas do Deter foi de 6.841 km2. A cifra é 49% maior que no ano anterior e a maior desde 2015/2016.
Apenas em agosto e setembro desde ano, primeiros dois meses da série de 2020, a área de alertas de desmatamento já corresponde a 47% de tudo o que foi cortado em 12 meses do ano anterior. A devastação costuma arrefecer após outubro, quando começa a estação chuvosa na Amazônia.
A alta do desmatamento ainda precisa ser confirmada pelo Prodes, que em tese deveria ser divulgado no final do ano. O Deter não é feito para calcular área desmatada, já que ele usa satélites de menor resolução (mais “míopes”) que os usados pelo Prodes. Ou seja, a área da taxa oficial tende a ser ainda maior.
Reflexos dos incêndios na Amazônia
As queimadas na Amazônia, que explodiram em agosto e se transformaram numa crise global, derivam diretamente desse aumento do desmatamento, notado a partir de maio pelos satélites. No fim de agosto, o governo mandou o Exército à Amazônia para reprimir as queimadas, mas a ação não teve impacto no desmatamento, que seguiu fora de controle em setembro.
A falta de ação contra o desmatamento fez a França e a Irlanda declararem oposição ao tratado de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul, e também causou o boicote de empresas como a Timberland ao couro brasileiro.
*Texto publicado originalmente em 11/10/19 no site do Observatório do Clima
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Foto: Victor Moriyama/Greenpeace
Difícil acreditar no real que vivemos!………..
Até onde irá tanta insanidade, loucira, ignorância
e maldade…?????????????????