Apesar do discurso otimista do novo governo, que insiste em dizer que o Brasil é exemplo em preservação e é o país que mais conserva suas florestas no mundo, na prática, a realidade – infelizmente – tem sido bem diferente.
Pelo quinto mês consecutivo, o relatório do Instituto Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) revela crescimento na área de desmatamento da Amazônia.
De acordo com o Boletim do Desmatamento (SAD), no acumulado dos cinco primeiros meses do calendário, entre agosto e dezembro de 2018, foram detectados 1.706 km2 de destruição de floresta, um aumento de 79% em relação ao mesmo período do ano anterior.
A tendência de desmatamento é validada também pelos dados do DETER,
sistema de monitoramento do INPE, conforme gráfico acima
Ainda segundo o levantamento, o estado do Pará foi o que apresentou o maior índice de desmatamento nesses cinco meses: estão localizados ali os dez municípios que mais derrubaram árvores. Mato Grosso ocupa o 2º lugar do ranking, com 35% do desmatamento.
Só em dezembro de 2018, foram detectados 246 km2 de devastação, um aumento de 34% em relação a dezembro de 2017. A maioria (61%) do desmatamento ocorreu em áreas privadas ou sob diversos estágios de posse. O restante foi registrado em assentamentos (29%), terras indígenas (6%) e Unidades de Conservação (4%).
O mapa da destruição
Se comparado ao mês anterior, os números de dezembro nem são tão ruins. Porque em novembro de 2018, o desmatamento na Amazônia disparou e aumentou mais de 400%.
Os dados acima foram divulgados no mesmo dia em que a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, assumia o cargo e afirmava que o Brasil era “… o país que mais soube preservar suas florestas nativas e matas ciliares … e era um modelo a ser seguido, jamais transgressor a ser recriminado”.
No final do ano passado, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) alertou que o desmatamento era o pior em dez anos: 1,18 bilhão de árvores foram derrubadas em um ano. De agosto de 2017 a julho de 2018, foram destruídos quase 8 mil km² de vegetação. Essa área é equivalente a 987.500 mil campos de futebol ou 5,2 cidades de São Paulo.
Modelo de preservação? Será mesmo?
*Os alertas de desmatamento e degradação florestal realizados pelo Imazon são gerados pela plataforma Google Earth Engine (EE), com a utilização de imagens de satélites e mapas digitais. Todavia, os índices de deflorestamento da Amazônia publicados pelo instituto não são oficiais. O governo só leva em conta os dados elaborados pelo Inpe, que frequentemente apresenta números diferentes aos do Imazon. A discrepância nos resultados se dá ao uso de metodologias distintas de avaliação
Leia também:
Inpe publica nota para ministro do Meio Ambiente sobre sistemas de monitoramento na Amazônia
Ministra da Agricultura critica ativismo ambiental de Gisele Bündchen
Extinção das áreas de meio ambiente, clima e energias renováveis do Itamaraty é medida ideológica e antipatriótica
Ministro do Meio Ambiente diz que pode rever Unidades de Conservação e liberar ferrovias nessas áreas protegidas
Foto: divulgação Imazon/Araquém Alcântara