Em seu último dia de visita à América do Sul, em que esteve no Chile e no Peru, o Chefe da Igreja Católica falou para índios do povoado de Puerto Maldonado, em plena Amazônia. Primeiramente, o Papa Francisco ouviu o relato dos líderes de tribos de diversas etnias, que levaram até o encontro, milhares de indígenas. Eles falaram sobre as ameaças que sofrem diante da exploração da Floresta Amazônica.
Mineradoras, madeireiras e empresas de gás e petróleo provocam desmatamento, invadindo seus territórios, e deixam em risco a sobrevivência desses povos. Logo após, Francisco fez seu discurso e afirmou que “Os povos indígenas nunca estiveram tão ameaçados em seus territórios como agora”. E foi além. “Devemos romper com o paradigma histórico que vê a Amazônia como uma fonte inesgotável (de recursos naturais) para outros países sem levar em conta seus habitantes”.
O papa foi enfático ao acusar a “ganância consumista das grandes corporações” e contra a qual precisamos lutar para que não destruía o habitat natural e vital do planeta. O pontífice destacou, ainda, a importância das tradições culturais dos povos indígenas, também ameaçadas pelo capitalismo sem escrúpulos. Ele criticou a exploração de ouro na região e citou o “trabalho escravo e o abuso sexual de jovens e mulheres”.
Francisco é um dos papas que mais tem lutado pela abertura e modernização da Igreja Católica. Ativista engajado, em seus discursos, frequentemente fala sobre a importância da conservação e proteção do planeta e sobre a luta contra as mudanças climáticas. Em junho de 2015, em sua encíclica sobre o meio ambiente, ele denunciou, de forma veemente, a exploração dos pobres e o desperdício dos recursos naturais.
Mais recentemente, em dezembro, o papa falou, em seu sermão de Natal, sobre “os ventos de guerra que sopram sobre nosso mundo e que temos um modelo de desenvolvimento ultrapassado que continua a produzir um declínio humanitário, social e ambiental” (leia mais neste post).
Entretanto, a viagem do Sumo Pontífice aos países latinoamericanos teve um saldo negativo. No Chile, houve protestos contra um bispo que teria acobertado denúncias de pedofilia em relação a um padre. Havia expectativa que o papa tocasse no assunto, mas Francisco apenas pediu desculpas às vítimas de assédio sexual, mas defendeu o bispo. Segundo ele, é preciso de provas para condenar os acusados.
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Foto: divulgação Vatican News/Reuters