O Greenpeace Brasil está comemorando mais uma vitória na batalha contra o desmatamento de nossas florestas. Ontem (25/08), a rede de supermercados Carrefour anunciou que não vai mais comprar carne de produtores que cortaram floresta para criar gado. A nova política faz parte de uma acordo fechado com a organização ambiental, através do compromisso Desmatamento Zero da Amazônia.
Segunda maior rede varejista do Brasil, o Carrefour se une a duas outras gigantes – Wallmart e Pão de Açúcar – que também garantiram que irão monitorar toda sua cadeia de fornecedores para que não chegue até o consumidor carne proveniente de áreas onde fazendeiros derrubaram árvores para criar gado, não só na Amazônia, mas em todos os biomas do país. Juntas, estas três redes possuem cerca de 2,5 mil lojas no Brasil. Elas se comprometeram “a implementar sistemas de monitoramento e exclusão de fornecedores, todos baseados no Desmatamento Zero”.
Com a pressão sobre o grande varejo, espera-se que pequenos e médios frigoríficos também passem a vetar a compra de carne de desmatamento. Em 2009, JBS, Marfrig e Minerva, responsáveis por 70% do abate de carne na Amazônia, assinaram o Compromisso Público da Pecuária, em que afirmaram que iriam contribuir para a meta desmatamento zero. A assinatura do documento foi uma resposta a uma denúncia feita pelo Greenpeace através de um estudo sobre a derrubada da floresta.
“Os governos têm a responsabilidade de transformar os acordos de mercado em políticas públicas robustas que incluam todos os produtores, frigoríficos e supermercados que atuam na complexa cadeia da pecuária”, sugere Adriana Charoux, da campanha Amazônia do Greenpeace.
Segundo a organização, atualmente mais de 60% das áreas desmatadas são ocupadas com pecuária, o que torna o setor o principal responsável pelo desaparecimento da Floresta Amazônica. É bom lembrar que o impacto do desmatamento é letal também para a fauna da região, já que sem mata, animais perdem seu habitat natural.
Para piorar essa estatística, 40% da carne consumida no Brasil é produzida justamente na Amazônia. E a grande maioria dos supermercados não tem ideia da origem do produto que compram, muito menos se ele envolve trabalho escravo ou violência a povos indígenas.
No final do ano passado, o Greenpeace lançou a campanha Carne ao Molho Madeira para pressionar supermercados e frigoríficos a tomarem uma atitude contra o problema. Enquanto o consumidor possui o direito de saber a procedência da carne que vai levar para casa, empresários e comerciantes têm obrigação de garantir a origem do alimento que vendem à população.
“Os supermercados são uma das principais portas de entrada da carne para a mesa dos brasileiros e, com o comprometimento das maiores redes, poderemos mantê-las fechadas para o produto contaminado com desmatamento, trabalho escravo e invasão de terras indígenas”, completa Adriana.
Foto: Secretaria de Agricultura e Abastecimento/Creative Commons/Flickr