O mar de lama, proveniente de um dos maiores desastres ambientais brasileiros, continua seguindo seu rastro de destruição por onde passa. A imagem acima foi feita nesta quarta-feira (24/11), por técnicos do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema).
A onda tóxica com rejeitos de minérios, que devastou a vida do Rio Doce após o rompimento de uma barragem da empresa Samarco (pertencente à Vale e australiana BHP Billiton ), no município de Mariana, em Minas Gerais, em 5/11, chegou no sábado passado (21/11) ao mar do Espírito Santo, mais exatamente, próximo ao vilarejo de Linhares, em Regência, no norte do Estado.
Segundo os técnicos do Iema, a onda de lama já se deslocou 5 km ao sul do local, 20 km ao leste e 30 km ao norte da foz do Rio Doce, em Regência. A área é considerada um importante berçário ambiental para diversas espécies, entre elas, tartarugas. Biólogos do projeto Tamar fizeram mutirão para tentar remover o maior número de tartarugas da região, inclusive de ovos, deixados em ninhos na areia.
As barreiras colocadas no mar pela Samarco, de nada serviram para conter a contaminação da água pela lama. Hoje a Vale admitiu publicamente – porque até agora havia negado o fato –, que parte dos 35 milhões de m3 de rejeitos de minérios que destruíram cidades mineiras, mataram pessoas e toda vida ao longo do Rio Doce, vieram de uma de suas minas na região.
A informação, publicada pelo jornal Folha de São Paulo ontem (23/11), foi divulgada treze dias após a multinacional ter afirmado ao Wall Street Journal que “não tinha nenhuma responsabilidade com o ocorrido”.
O mar de lama brasileiro, que levou o país às principais manchetes dos jornais internacionais, continua destruindo o meio ambiente e mostrando a falta de vergonha, ética e moral dos envolvidos neste trágico episódio.
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Foto: Fred Loureiro/Secom/Fotos Públicas