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“Você fala África como se fosse um país quando é um continente”, diz Morgan Freeman ao refutar a expressão ‘African American’

"Você diz África como se fosse um país quando é um continente", diz Morgan Freeman ao refutar a expressão 'African American'

O ator, produtor e dublador americano Morgan Freeman não é uma pessoa de meias palavras. Aos 85 anos, se sente à vontade para falar o que pensa. Negro, tem uma longa carreira na indústria cinematográfica. E essa não é a primeira vez que ele critica a criação do Mês da História Negra, celebrado em fevereiro nos Estados Unidos. Para ele, a história de sua raça não pode ser relegada a apenas um único mês do ano.

“A história negra é a história americana; eles estão completamente interligados”, ressaltou.

Em entrevista recente ao The Sunday Times, do Reino Unido, Freeman também refutou a expressão da língua inglesa muito utilizada nas últimas décadas, “African American“, ou afrodescente, em português, que se refere aos indivíduos negros que seriam descendentes de pessoas originárias de países africanos.

Para ele, certos termos relacionados à raça deveriam ser retirados do léxico, o acervo de palavras de uma determinada língua. E para o ator, esses dois termos, em específico, são insultos.

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“Não concordo com o uso de afrodescendente”, declarou. “O que isso realmente significa? A maioria dos negros nesta parte do mundo são mestiços. E você fala África como se fosse um país quando é um continente, como a Europa”.

Durante a entrevista, Freeman disse ainda que concorda com o que outro famoso ator negro, Denzel Washington afirmou. “Tenho orgulho de ser negro, mas negro não é tudo que eu sou”. E ele completou: “Você não pode me definir dessa maneira”.

Recentemente, a filósofa brasileira Djamila Ribeiro falou sobre esse tipo de nomenclatura. Ela destacou que respeita a escolha do termo afrodescendente para negros que vivem na Europa, mas “acredita que abordagem não funcionaria no Brasil por causa das marcas da história dos africanos traficados para o país durante o regime colonial e a escravidão”.

Em entrevista à ONU News, explicou ainda que acha importante que se continue usando a palavra “negro” em nosso país, porque durante muito tempo se negou a existência do racismo

“Acho que cada país tem o seu contexto, e a gente não pode negar as diferenças de cada território. No Brasil, o que foi de consenso do movimento negro é a utilização da palavra negro. Negro significa pretos e pardos. Então “pretos” está dentro da categoria negro assim como pardos. O IBGE vai entender negros como pretos e pardos. Negros são aqueles negros de pele escura, pardos são os negros de pele clara. Então, o que se decidiu entre do consenso dos movimentos negros, dos intelectuais negros, historicamente, no Brasil é o uso da palavra negro”.

*Em 2018, uma reportagem da CNN Internacional levou a público denúncias de mulheres que teriam sido assediadas sexualmente por Morgan Freeman. Inicialmente o ator publicou um declaração se desculpando “por ter feito alguém se sentir desconfortável sem querer”. Dias depois também declarou que deixava claro que “Não criei ambientes de trabalho inseguros. Eu não agredi mulheres. Não ofereci emprego ou promoção em troca de sexo. Qualquer sugestão de que eu fiz isso é completamente falsa“.

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Foto de abertura: reprodução Facebook Morgan Freeman

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