Elas representam aproximadamente 30% das pessoas refugiadas no Brasil e, ao chegarem aqui, ainda herdam a invisibilidade já experimentada por boa parte das mulheres menos favorecidas de nossa sociedade, como se não bastassem as constantes violações de seus direitos em seu país de origem. Em nosso território – que a princípio parece muito receptivo já que abrimos as portas para todos que precisam de um novo lugar para viver -, essas mulheres encontram dificuldades que só se agravam e limitam sua plena integração.
Observando essa realidade e com a intenção de tentar auxiliá-las nessa integração, a jornalista Gabriela Cunha Ferraz criou o projeto Vidas Refugiadas em parceria com o fotógrafo Victor Moriyama, lançado no dia 7/3, no café da Livraria Fnac da Avenida Paulista, em São Paulo, com a abertura de uma exposição fotográfica, com curadoria da diretora de arte Cristina Veit.
Durante um ano, Gabriela viveu uma das experiências mais marcantes de sua vida quando trabalhou com mulheres vítimas de violência sexual na República Democrática do Congo. Quando voltou, se envolveu com uma organização que acolhe refugiados na capital paulista e conheceu mais de 500 histórias impactantes, entre elas as das oito mulheres retratadas por Victor.
A exposição reúne 16 belíssimas imagens – duas ilustram este post – que apresentam o cotidiano de mulheres de diferentes nacionalidades: Jeanete, Maria, Vilma, Nkechinvere Jonathan, Alice Bayili, Mayada, Sylvie e Aichata. “Com este trabalho, conhecemos de perto a história pessoal destas admiráveis guerreiras na luta por uma vida digna dentro de um contexto extremo e predominantemente masculino”, conta o fotógrafo. “O carinho e a abertura dessas mulheres possibilitaram uma intimidade magnífica com sua força, que levarei para a vida toda”.
Nas fotos estão retratados o sentimento de perda de seus laços sociais, seus dilemas individuais, a nostalgia e as incertezas da nova vida, além de sua coragem e ânimo. Mas as imagens se revelam também como uma possibilidade de reconhecimento e do empoderamento dessas mulheres em nosso contexto sociocultural.
Logo após a abertura da exposição, será realizado debate com mediação de Gabriela, do qual participarão o Secretário Nacional de Justiça, Beto Vasconcelos, o representante da ACNUR – Agência da ONU para Refugiados, Agni Castro Pita, e a nigeriana Nkechinyere, que foi professora das meninas sequestradas pelos terroristas do Boko Haram no Norte da Nigéria. Por seu ativismo, ela se tornou alvo desse grupo terrorista e precisou fugir do seu país sozinha, deixando seu marido e quatro filhos para trás.
Assista, abaixo, a alguns relatos das mulheres fotografadas para a exposição e que fazem parte do projeto Vidas Refugiadas. Em seu canal no You Tube estão mais depoimentos seus e também de Gabriela e Victor, idealizadores. Para saber mais, é só seguir sua página no Facebook.
Vidas Refugiadas – Exposição fotográfica
Café da Livraria Fnac – Av. Paulista, 901, 2º. andar, Jardins, São Paulo, SP.
Aberta ao público (entrada gratuita), das 10h às 22h, durante o mês de março, em que se celebra o Mês da Mulher.
Fotos: Victor Moriyama