Os vídeos divulgados por moradores da pequena cidade de Belushya Guba, na Rússia, são chocantes. Ursos polares buscam comida em lixeiras e vasculham prédios.
A invasão dos animais acontece no arquipélago de Novaya Zemlya, localizado no Oceano Ártico. Com o aquecimento global, a presença dos ursos polares próximo a assentamos humanos está se tornando mais frequente. A falta de alimentos e o derretimento de gelo fazem com que eles percorram distâncias cada vez mais longas.
Registro impressionante da invasão dos ursos
O administrador da região de Belushya Guba declarou estado de emergência. Mais de 50 ursos polares estão na região. Os 2.500 moradores do vilarejo estão assustados e com medo de sair nas ruas e mandar seus filhos para a escola.
A chegada dos ursos começou em dezembro. Apesar de terem sido colocadas cercas adicionais ao redor de escolas e outros locais, os animais não se intimidam, nem demonstram medo de sirenes e cachorros, usados para espantá-los.
Especialistas foram enviados ao arquipélago para tentar sedar os ursos e tirá-los do vilarejo. Está proibido o uso de armas contra eles, já que a espécie está ameaçada de extinção.
A luta dos ursos polares pela sobrevivência
Eles se tornaram um dos principais símbolos da conservação mundial. Ao lado dos pandas, os ursos polares simbolizam a extinção de espécies animais devido à maneira como os seres humanos decidiram viver e explorar o planeta. Por isso, sempre que há más notícias sobre ameaças e riscos à fauna, eles são usados para ilustrá-las.
Ursos polares são classificados como mamíferos marinhos, já que passam grande parte de sua vida nas águas do Oceano Ártico. Eles possuem uma camada grossa de gordura no corpo e um pelo à prova d’água que os mantêm protegidos do frio.
Há 19 subpopulações da espécie e segundo a chamada Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas, da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), que avalia as condições de sobrevivência de centenas de animais e plantas no mundo, o urso polar é classificado como vulnerável, ou seja, “tem chance de entrar em extinção na natureza”. Estima-se que existam atualmente entre 22 mil e 31 mil indivíduos vivendo livremente.
O Ursus maritimus, nome científico da espécie principal, vive em todo o Ártico e passa basicamente o ano inteiro no gelo. É nele que caça focas, sua dieta quase exclusiva, e também, onde se acasala.
Ocorre que o gelo anda em falta na região. Devido, principalmente, ao aquecimento da Terra, o mar congela cada vez mais tarde no outono e derrete cada vez mais cedo na primavera. Isso tem privado várias populações de urso polar do ambiente estável de caça no qual a espécie evoluiu.
O resultado é que os animais precisam se mexer mais – frequentemente nadando grandes distâncias – até encontrar uma foca. E isso está causando um desequilíbrio energético: mesmo aqueles que conseguem comer carcaças perdem mais energia no processo do que ganham ao se alimentar (leia mais sobre o assunto aqui ).
A redução do gelo marinho e o aumento na taxa de atividade são uma bomba-relógio para as populações de ursos. Se o degelo continuar, será o fim deles na natureza
*Com informações da TASS – Russian News Agency
Leia também:
Cientistas celebram crescimento de subpopulação de urso polar no Ártico
Filhote de urso polar fica com lata presa na boca em reserva no Ártico
Os primeiros passos da filhote de urso polar no zoológico da Alemanha
Cerveja lança edição pelo aquecimento global: embate entre Trump x Urso Polar
Com urso polar gigante, Ema Thompson protesta contra atividades petrolíferas no Ártico
Coca-Cola junta em comercial animais em risco de extinção, garrafas e canudos plásticos, no Ártico
Fotos: reprodução Twitter e vídeo The Guardian