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Cabras são retiradas de Abrolhos para garantir recuperação ambiental do arquipélago

Últimas cabras são retiradas de Abrolhos para garantir recuperação ambiental do arquipélago

Um dos principais fatores para a perda de biodiversidade no mundo inteiro é a introdução, acidental ou não, de espécies exóticas e invasoras. Foi o que aconteceu há mais de 200 anos, acreditam historiadores, quando cabras foram levadas para o arquipélago de Abrolhos, no sul da Bahia, por navegadores, ainda durante o período colonial, para fornecer carne e leite, provavelmente.

Agora, séculos depois, uma ação conjunta entre o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Marinha do Brasil, Embrapa e a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia conseguiu erradicar de vez esses caprinos da Ilha Santa Bárbara e assim permitir sua recuperação ambiental.

Entre janeiro e março de 2025, foram realizadas diversas viagens para o planejamento e localização das cabras na ilha, inclusive com a utilização de drones, e para que fossem garantidos o bem-estar e a segurança das mesmas. E há poucos dias foi, enfim, feita a retirada dos 27 animais. A erradicação foi necessária por causa do impacto ambiental que esses eles causavam ali, tanto no solo como na vegetação.

Últimas cabras são retiradas de Abrolhos para garantir recuperação ambiental do arquipélago
Operação de retirada das cabras na Ilha de Santa Bárbara
Foto: Jessyca Teixeira/ICMBio Abrolhos

O arquipélago de Abrolhos, composto por cinco ilhas, é uma unidade de conservação marinha, que abriga uma riquíssima biodiversidade. É uma das principais áreas-berçário de baleias jubarte, que migram para o local para se reproduzir. Tartarugas marinhas ameaçadas de extinção, como as de couro, cabeçuda, verde e de pente, também se refugiam no parque nacional, assim como aves como a grazina-de-bico-vermelho e os atobás. Estima-se que o arquipélago seja habitat de aproximadamente 1.300 espécies, 45 delas consideradas ameaçadas.

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As cabras que viviam na ilha de Santa Bárbara foram encaminhadas para a Embrapa e a universidade baiana, onde serão estudadas, já que elas são consideradas um “tesouro genético” por pesquisadores. Não existe fonte de água doce no arquipélago e mesmo assim, esses caprinos se adaptaram à região.

“Imagine um material genético que se desenvolveu em uma ilha sem água. Esses animais têm e devem ter, na sua genética, um componente que lhes permitiu essa sobrevivência. Esperamos que isso seja confirmado pela ciência”, diz o professor de zootecnia Ronaldo Vasconcelos.

“Que a biodiversidade floresça ainda mais em Abrolhos e que a pesquisa científica desenvolvida por instituições públicas do mais elevado nível encontre novas respostas para o desenvolvimento da caprinocultura brasileira”, acrescenta Erismar Rocha, gestor do Parque Nacional de Abrolhos.

Últimas cabras são retiradas de Abrolhos para garantir recuperação ambiental do arquipélago
Operação contou com a participação de equipes do ICMBio e da Marinha
Foto: Jessyca Teixeira/ICMBio Abrolhos

*Com informações e entrevistas contidas no texto de divulgação do ICMBio

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Foto de abertura: Jessyca Teixeira/ICMBio Abrolhos

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Paulo rosa
Paulo rosa
1 mês atrás

Deixam as cabras aí para expulsar intruso na cabeçada sô!

Fábio
Fábio
1 mês atrás

Deixa as cabras!

Jânia
Jânia
1 mês atrás

Essas cabras vivem em liberdade a uns 200 anos. Se desenvolveram características ” notáveis” pela sobrevivência delas, se vcs mesmos chamam de ” tesouro genético”, não deveriam obter uma maior consideração e serem ” estudadas”, observadas no próprio ambiente onde tiveram essas mudanças? Como se hidratam já que não tem água? Não vão saber, sem observarem os animais lá na ilha.Vcs estão tirando a liberdade de um caprino porque ele faz parte da alimentação humana. Se fosse outra espécie vcs observariam lá mesmo.Tirá-los da vida livre, enfiá-los em gaiolas de seus laboratórios, para o quê, dissecá- Los e ver se descobrem as mutações genéticas deles, assim matando- os? Espécie invasora? É o próprio humano que eu saiba.

George Coelho
George Coelho
1 mês atrás
Responder para  Jânia

Parecido com europeus que tiraram tesouros arqueológicos por onde andavam, Egito, por exemplo, para “preservá-los” com mil fraturas em museus, qdo não, fez o ex-presidente americano, Todore Roosevelt, salgá-los e expor seus restos no Museu de História Natural de Nova Iorque.
Deixem as cabras em paz.

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