
Tubarões, peixes, borboletas-marinhas, dragões-de lama, corais, ursos-d’água, esponjas, camarões, caranguejos, lagostas, cavalos-marinhos e estrelas-de-crista, abrangendo dezenas de grupos taxonômicos, estão entre as 883 novas espécies marinhas descobertas no período de apenas dezesseis meses, desde que o projeto global Censo dos Oceanos começou, em abril de 2023.
Já foram realizadas dez expedições, com a participação de mergulhadores, submersíveis e veículos operados remotamente (ROVs), que conseguem atingir profundidades de até 5 mil metros. Todo o material coletado é analisado por mais de 800 cientistas, integrantes de centenas de instituições de pesquisa ao redor do mundo.
Graças à essa união de esforços internacionais, espécies como a desse tubarão-guitarra (Rhinobatos sp.), na imagem em destaque acima, que poderiam levar até mais de dez anos para serem descritas e divulgadas em artigos científicos, são estudadas em tempo recorde. E quanto mais depressa elas se tornam conhecidas, aumentam as chances de elas serem protegidas. Caso contrário, elas podem ser extintas mesmo antes de serem documentadas.
“O oceano cobre 71% do nosso planeta, mas estima-se que apenas cerca de 10% da vida marinha foi descoberta até agora, deixando cerca de 1 a 2 milhões de espécies ainda não documentadas”, ressalta Mitsuyuki Unno, diretor executivo da Nippon Foundation, principal apoiadora do Censo dos Oceanos. “Essas mais recentes descobertas demonstram como a colaboração internacional pode promover nossa compreensão da biodiversidade oceânica.”
Esse tubarão-guitarra, por exemplo, foi encontrado nas águas da costa da Tanzânia e de Moçambique. Com ele agora são 38 espécies desse tipo de animal identificados, contudo, 2/3 delas são consideradas ameaçadas.
Outra criatura descoberta recentemente pelos pesquisadores do Censo dos Oceanos é um gastrópode (Turridrupa sp.), que vive entre 200 e 500 metros de profundidade, na Nova Caledônia e Vanuatu, no Pacífico, próximo da Oceania. Esses pequenos seres possuem arpões venenosos usados para capturar suas presas, produzindo peptídeos (compostos) com potenciais aplicações no alívio da dor e no tratamento do câncer.

Foto: The Nippon Foundation-Nekton Ocean Census / Peter Stahlschmidt © 2025
Em 2025, mais dez novas expedições estão programadas.
“Os últimos dois anos foram transformadores para o Censo dos Oceanos: fomos pioneiros em novos métodos, criamos parcerias importantes, estabelecemos uma rede global de cientistas participantes e superamos os obstáculos de uma missão verdadeiramente global”, diz Oliver Steeds, diretor da iniciativa.

marca o primeiro registro do gênero na África
Foto: The Nippon Foundation-Nekton Ocean Census / Richard Smith © 2025
O objetivo da aliança global é descrever 100 mil novas espécies em dez anos. Todas as descobertas farão parte de banco de dados disponibilizado gratuitamente para cientistas, tomadores de decisão e a sociedade.
O projeto foi criado pela Nippon Foundation, a maior fundação sem fins lucrativos do Japão que se concentra na filantropia por meio da inovação social, e o Nekton, um instituto de conservação e ciência marinha com sede no Reino Unido.
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Foto de abertura: The Nippon Foundation-Nekton Ocean Census / Sergey Bogorodsky © 2025