O botulismo é uma toxina natural produzida pela bactéria Clostridium botulinum. Águas rasas e paradas fornecem o ambiente ideal para sua proliferação. Uma vez que a bactéria contamina seres humanos ou animais, a toxina se liga às terminações nervosas, provocando fraqueza, letargia e a perda do controle muscular.
Surtos de botulismo já foram registrados no passado em diversos lugares do mundo, vitimando animais aquáticos, todavia, nunca antes como o que acontece no momento no Refúgio Natural de Vida Selvagem do Lago de Tule, ao norte da Califórnia, na divisa com o Oregon, onde estima-se que mais de 94 mil aves já morreram, de acordo com o Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos.
Segundo especialistas, a tragédia é agravada pela seca e alta temperatura da água dos rios e lagos da região, um efeito direto das mudanças climáticas. Além disso, vários cursos d’água da Bacia de Klamath foram interrompidos para a construção de barragens.
Foto: Bird Alliance of Oregon
Quando infectadas pela toxina do botulismo e no estágio avançado da doença, as aves aquáticas não conseguem levantar a cabeça ou voar. Muitas acabam se afogando e a presença de carcaças contaminadas, por sua vez, agrava o surto, pois outras espécies se alimentam das mesmas.
“Este é o pior surto de botulismo na história de Tule, superando o de 2020, e provavelmente continuará até outubro. A única coisa que impedirá a disseminação do botulismo é o retorno da chuva e do clima mais frio. Nas próximas semanas é provável que milhares, ou mesmo dezenas de milhares de pássaros, morram”, afirma a organização Bird Alliance of Oregon, que está atuando no refúgio, tratando as aves doentes.
Desde agosto várias organizações já vinham alertando sobre as condições no Lago de Tule, com o nível da água cada vez mais baixo.
“A Bacia de Klamath serve como um habitat crítico para nidificação e migração de pássaros ao longo da Pacific Flyway. A devastação que está acontecendo aqui devido ao surto de botulismo terá impactos duradouros em toda a costa oeste”, afirma a bióloga Teresa Wicks. “O refúgio e os pássaros não podem continuar sendo atingidos, ano após ano. Algo tem que mudar. Sem pântanos, não há pássaros.”
Foto: Bird Ally X
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Foto de abertura: Bird Alliance of Oregon
