Falamos tanto da Amazônia, mas outros biomas como o Cerrado também estão sendo consumidos pelo fogo, como acontece com a Serra da Bodoquena, desde o início de agosto. Ela é um dos mais ricos ecossistemas do centro-oeste e abriga belezas naturais, como a que tornou a região de Bonito conhecida e reconhecida como a capital do ecoturismo do estado do Mato Grosso do Sul, e também está presente nos municípios de Porto Murtinho, Jardim e Miranda.
A região está entre os piores focos de incêndios florestais do país e o lindo Parque Nacional da Serra da Bodoquena, que esteve em risco por causa de uma liminar que pode reduzir sua área em 80%, agora está sob forte ameaça do fogo
Com o apoio de alguns moradores, da Guarda Municipal e de instituições da comunidade local como a Fundação Neotrópica, agentes do ICMBio, órgão responsável pela administração do parque, estão empenhados em debelar inúmeros focos que se espalham pela região.
De acordo com relatório da fundação – que ajuda no monitoramento das áreas e no combate ao fogo -, no domingo, 8/9, os brigadistas lutavam para que, uma intensa linha de fogo que devia ter cerca de 4 km e estava próxima da fazenda Ouro Verde, não atingisse o norte do parque. Já no dia seguinte, 9/9, o trabalho deles se concentrou nas margens da rodovia MS-178, que liga Bonito à cidade de Bodoquena.
Mesmo com tantos focos de incêndio ao redor do parque, o empenho dos brigadistas tem protegido bem o local.
O grupo Unidos Conservamos, que reúne moradores, representantes de trades turísticos, guias e ambientalistas e surgiu nas redes sociais para promover a preservação ambiental de Bonito e região, tem compartilhado informações sobre os incêndios na regiao e registrou 28 focos de queimadas em um único dia, entre a Fazenda Albuquerque e o Buraco das Piranhas, no município de Corumbá.
Desde 5 de setembro, o grupo está arrecadando doações por meio de uma plataforma de crowdfunding – Vakinha – para comprar equipamentos (dois sopradores STIHL BR 600, mais efetivos do que os usados pelos brigadistas do ICMBio atualmente, que são manuais) e doá-los ao Parque da Serra da Bodoquena. O objetivo é juntar R$ 6 mil. Até o fechamento deste post, as adesões chegavam a 59,2% do total. O primeiro soprador já foi comprado!
Vale ressaltar que, desde 1 de agosto, é proibido usar fogo para queima controlada no Mato Grosso do Sul. Isso está garantido pela Resolução Conjunta SEMACIBAMA/MS nº 01, de 08 de agosto de 2014, estendida até 30 de setembro e, no caso do Pantanal, até 30 de outubro. Portanto, boa parte do fogo que consome a vegetação na região é ato criminoso.
Para o ICMBio, é fundamental que se respeite esta norma, claro, já que, em períodos de estiagem prolongados, “qualquer pequena queimada pode se tornar um grande incêndio florestal”.
É bom destacar que a Serra da Bodoquena está inserida nos limites do Cerrado – em especial a região do Parque Nacional -, mas a região também tem trechos de Floresta Estacional, que é um tipo de vegetação que a torna ainda mais vulnerável aos incêndios, conhecida como mata de planalto, mata seca, mata atlântica do interior e Mata de Cipó (que faz a transição entre Mata Atlântica e Caatinga). Ali, a diversidade biológica é ímpar.
Terrível ver a natureza ser consumida assim, como se não bastassem os ataques que a região tem sofrido, movidos pela cobiça, como relatou, em maio deste ano, o biólogo, professor e pesquisador José Sabino .
Fotos: Jabuty, Divulgação Prefeitura
Fontes: Portal Educativa, Fundação Neutrópica, Unidos Conservamos