No ano passado, o fotógrafo Sebastião Salgado fez uma expedição ao Território Indígena Vale do Javari, a terra dos korubos, na Amazônia. Foi a primeira vez que uma equipe de “brancos” pode documentar o dia a dia dos indígenas.
Os korubos são também conhecidos como “caceteiros” porque no lugar do arco e da flecha, usam bordunas, cacetes longos de madeira, utilizados como arma de ataque, defesa ou instrumento para a caça.
A expedição do mais renomado fotógrafo brasileiro ao norte do país faz parte de seu mais recente projeto: Amazônia. Durante os próximos dois anos, ele continuará viajando pela região, registrando em fotos preto-e-branco, a vida na maior floresta tropical da Terra. A ideia é que depois da viagem terminada, sua obra seja exposta pelo mundo.
E agora, os brasilienses vão poder conhecer um pedacinho desse trabalho. Foi inaugurada, na capital, a mostra “Amazônia”, com 16 fotografias cedidas por Salgado, para o acervo do Supremo Tribunal Federal. A exposição tem curadoria de Lélia Wanick, esposa do fotógrafo.
“A Amazônia é a última grande porção de floresta tropical do planeta e acho que nós todos juntos temos a obrigação de mantê-la. Essas populações indígenas representam a pré-história da humanidade, e feliz o país, como o nosso, que pode conviver com sua pré-história”, disse Salgado, na abertura da exposição. “Essas imagens representam a pureza do Brasil”.
Foco na natureza
Sebastião Salgado nasceu e cresceu na fazenda de gado do pai, no município de Aimorés, em Minas Gerais. Depois de anos viajando pelo exterior e registrando imagens impactantes que o tornaram conhecido internacionalmente, decidiu voltar ao Brasil.
No premiado documentário Sal da Terra, que conta sua trajetória, o fotógrafo confessa que após fazer a cobertura do genocídio de Ruanda, entrou em uma crise profunda e se sentiu descrente da humanidade. “Minha alma estava doente”, diz no filme.
Recuperado da tristeza, o fotógrafo lançou um novo projeto – Gênesis – um contundente e belíssimo retrato da natureza ainda intocada e majestosa do planeta. Em paralelo, Salgado e a esposa se depararam com a tão querida Fazenda Bulcão, em Aimorés, devastada pelo desmatamento e a seca. Em 1998, reuniram parceiros e arrecadaram recursos para começar a recuperação da terra.
O resultado foi impressionante. Foram restaurados mais de 7 mil hectares de áreas degradadas e produzidas em viveiros 4 milhões de mudas de espécies de Mata Atlântica para abastecer tanto a fazenda dos Salgado quanto os projetos do Instituto Terra na região.
“AMAZÔNIA”, DE SEBASTIÃO SALGADO
Quando: até o final de maio
Visitas agendadas – horário: segundas, terças e sextas: às 10h, 11h, 14h, 15, 16h e 17h – quartas e quintas: às 10h e 11h
Local: Hall dos Bustos, no Edifício Sede do Superior Tribunal Federal
Endereço: Praça dos Três Poderes, Brasília
Telefone: (61) 3217 3000
Entrada gratuita
Fotos: Sebastião Salgado