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Registro do raro gato-mourisco avermelhado no Pantanal soa alerta sobre mudanças no clima do bioma

Registro do raro gato-mourisco avermelhado no Pantanal soa alerta entre cientistas sobre mudanças no clima do bioma

Pela primeira vez um gato-mourisco (Herpailurus yagouaroundi) avermelhado foi observado por pesquisadores do Instituto Homem Pantaneiro (IHP) no Pantanal. Nunca antes um indivíduo da espécie, com a pelagem dessa cor, havia sido documentado por eles no bioma. O flagrante foi feito por armadilhas fotográficas instaladas na Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) Acurizal, na Serra do Amolar, região situada entre Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Bolívia.

O registro causa surpresa entre pesquisadores porque há o gato-mourisco apresenta três colorações distintas: cinza e marrom (mais comuns) e a avermelhada, considerada mais rara. “Porém, no Brasil, a forma avermelhada é mais comum em áreas mais secas, como a Caatinga e o Pampas“, explicou a bióloga Grasiela Porfírio, coordenadora de projetos do IHP, ao Conexão Planeta. “Parece ser uma adaptação evolutiva a habitats distintos.”

Há 15 anos é realizado o monitoramento de fauna na RPPN Acurizal e até então, tinham ocorrido 18 avistamentos de gatos-mourisco, contudo, todos com pelagem acinzentada.

Para Grasiela, que ao lado de outros pesquisadores, publicou um artigo científico sobre o registro, na revista Mammalia, a presença do gato-mourisco de pelagem vermelha no bioma pantaneiro pode indicar a mudança climática que está ocorrendo ali, que ano a ano enfrenta períodos mais longos de seca e, consequentemente, de incêndios. “A hipótese é que mudanças no clima estão favorecendo com que o Pantanal fique mais seco e que possa se tornar o habitat desse novo fenótipo. É possível que esse animal pode ter vindo da Área de Manejo Integrado San Matías, que fica na Bolívia e faz fronteira com a Serra do Amolar”, acrescenta.

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Além do alerta sobre as mudanças no clima do Pantanal, o registro do gato-mourisco avermelhado é importante para estudos sobre a evolução genética desses animais. “Em termos de biodiversidade esse resultado amplia o conhecimento científico sobre a diversidade genética“, diz ela.

Imagens das armadilhas fotográficas mostram os diferentes gatos-mourisco registrados na Serra do Amolar
Foto: divulgação IHP

Na Lista Nacional de Espécies Ameaçadas, o gato-mourisco é considerado “vulnerável” à extinção. No Brasil, ele também é chamado de jaguarundi, gato-vermelho ou gato-preto. Todavia, é uma das espécies de felino menos estudadas na América do Sul.

Medindo entre 48 e 83 cm e a cauda variando entre 27 cm e 59 cm – os machos são sempre maiores do que as fêmeas -, o gato-mourisco tem o corpo delgado e alongado, cabeça pequena e achatada, orelhas e pernas curtas. Uma diferença curiosa dele para outros felinos é que suas pupilas são redondas, não no formato elíptico de outras espécies da família Felidae.

De hábitos diurnos e solitários, o mourisco costuma-se alimentar de outros animais de pequeno e médio portes, como cobras, lagartos, aves, insetos, peixes e anfíbios.

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Foto de abertura: divulgação IHP

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