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‘Rede de Sementes do Xingu’ vence prêmio internacional que promove iniciativas climáticas inovadoras em todo o mundo

Formada em 2007, a Rede de Sementes do Xingu reúne 568 coletores indígenas, urbanos e agricultores familiares – a maioria mulheres – e é reconhecida como referência para a produção comunitária de sementes e também como a maior rede de comercialização de sementes nativas no Brasil.

Na foto acima, Clerizia Pantaleão beneficia sementes de tigui no Projeto de Assentamento Jaraguá (MT).

Em 13 anos, produziu mais de 221 toneladas de sementes de 220 espécies nativas e, na companhia de bons parceiros, recuperou 6,6 mil hectares de áreas degradadas na bacia do Xingu e Araguaia e outras regiões do Cerrado e da Amazônia.

Foi esta a história que encantou os jurados da edição 2020 do prêmio internacional Ashden Awards, concedido pela organização Ashden, baseada no Reino Unido. A instituição dá visibilidade e apoio a iniciativas inovadoras em clima e energia em todo o mundo, incluindo empresas, organizações não-governamentais e do setor público que criaram soluções já comprovadas.

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Coletora Yarang beneficia sementes de murici-da-mata, no Território Indígena do Xingu

Novos empregos, mais saúde e menos desigualdade

A Rede de Sementes do Xingu recebe apoio da União Europeia, Conservação Internaciona (CI), Partnerships for Forests (P4F), Funbio, Instituto Bacuri, Rainforest Foundation Norway, DGM, Good Energies, PPP Ecos/ISPN, e Amaz. E foi escolhida entre mais de 200 propostas de todo mundo inscritas e está entre os 11 vencedores deste ano.

“É um reconhecimento da iniciativa e do trabalho feito ao longo desses 13 anos de existência”, comenta Bruna Ferreira, diretora. “É uma alternativa de renda que vem da floresta, valorizando a diversidade ambiental e cultural. No contexto de emergência climática, a Rede de Sementes é o nosso maior exemplo de um futuro possível”, ressalta.

Os vencedores recebem prêmio em dinheiro, além de apoio técnico para o desenvolvimento da iniciativa e a oportunidade de conexão com investidores que promovem os setores de clima e energia.

Harriet Lamb, CEO da Ashden, explica: “Essas organizações fazem mais que reduzir emissões – elas criam novos empregos, melhoram a saúde e reduzem a desigualdade. Elas são o rosto do futuro”, disse Harriet Lamb, CEO da Ashden.

Respostas rápidas à pandemia da Covid-19

Mônica Renhinhãi’õ, da Terra Indígena Marãiwatsédé, que faleceu de Covid-19

Entre os finalistas e vencedores do Ashden Awards, estão iniciativas que não foram apenas reconhecidas por suas soluções climáticas inovadoras, mas também pelo enfrentamento rápido e efetivo à pandemia do coronavírus. A Rede de Sementes do Xingu é uma delas.

Ao perceber o avanço veloz característico da Covid-19, a rede rapidamente definiu um plano, buscando garantir a saúde e a segurança de seus coletores e equipe. Oferece kits de higiene e proteção, além de materiais para beneficiamento das sementes.

Como sempre, a coleta de sementes é realizada dentro de cada núcleo familiar ou aldeia, mas a entrega foi redefinida: agora, é preciso agendar horário para evitar aglomerações.

Para garantir sustentabilidade financeira e que os associados cumpram o isolamento, a Rede se comprometeu a fazer o pagamento antecipado de 21 toneladas de sementes e estendeu o valor do Fundo Rotativo, que é um fundo de crédito destinado aos coletores.

Mas, mesmo com todos esses cuidados, não foi possível evitar a contaminação por Covid-19.

Entre as mulheres coletoras Xavante, da Terra Indígena Marãiwatsédé, foram confirmados cinco casos e uma morte, a de Mônica Renhinhãi’õ (foto acima).

Até o fechamento do texto publicado hoje (2/7) pelo Instituto Socioambiental (no qual este foi baseado) a TI contabilizava 25 casos e três óbitos.

O grupo Pi’õ Rómnha Ma’ubumrõi’wa, das coletoras Xavante é formado por mulheres coletoras e seus familiares, e destina as sementes coletadas para a restauração de áreas que ficam dentro da TI ou são adjacentes à ela. “Além de ser uma importante alternativa socioeconômica, o trabalho com as sementes é uma forma de se apropriar e proteger o território, ameaçado por invasões e intensamente desmatado”, conta o ISA.

Fotos: Tui Anandi, Carol Quintanilha e Marcelo Okimoto/ISA

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