
Encontrado na Argentina, Paraguai e Brasil, o pato-mergulhão (Mergus octosetaceus) é uma espécie de ave aquática que, infelizmente, é considerada criticamente em perigo de extinção, de acordo com a lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).
No mundo todo estima-se que só restem 250 indivíduos livres na natureza. No Brasil, o pato-mergulhão pode ser observado nas regiões da Serra da Canastra e Patrocínio (MG), Chapada dos Veadeiros (GO) e no Jalapão (TO).
Recentemente, uma expedição de pesquisadores fez o monitoramento no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e flagrou oito patos-mergulhão no local.

Um dos patos-mergulhão fotografado na Chapada
Durante os dias 2 a 3 de abril, a equipe do “Projeto Evitando a Extinção do Pato-Mergulhão no Corredor Veadeiros Pouso Alto- Kalunga” percorreu 40 quilômetros pelas margens do Rio Preto, em busca de indivíduos da espécie.
Os biólogos comemoraram a descoberta. A ave depende, para sua sobrevivência, de águas limpas e transparentes, com corredeiras e vegetação nas margens, e com abundância de peixes, seu principal alimento.
Seu nome – mergulhão -, vem justamente daí. Ela captura os peixes ao mergulhar, utilizando a visão. Por esta razão, é extremamente afetada pela degradação das águas.
A constatação de que vivem na Chapada dos Veadeiros oito exemplares da espécie atesta as boas condições e o equilíbrio do ecossistema.
Reprodução bem-sucedida
Além dos esforços para preservar o pato-mergulhão na natureza, também tem sido feito no Brasil a reprodução da ave em cativeiro. No ano passado, noticiamos aqui, o nascimento de quatro filhotinhos, no Zooparque Itatiba, no estado de São Paulo.

Foi a primeira vez, no Brasil e no mundo, que se registrou o nascimento natural das aves, em cativeiro, sem interferência humana. Os ovos foram postos pela fêmea e incubados pelos próprios pais.
Em 2017, também divulgamos, nesta outra reportagem, quatro outros filhotes que tinham nascido no mesmo lugar, mas através de processo de reprodução assistida.

O declínio da população do pato-mergulhão no país se deve à destruição de matas ciliares e consequente perda de árvores de maior porte, e a degradação das margens e dos leitos dos cursos d’água; uso de pesticidas nas pastagens e lavouras, que são carregados para os cursos d’água; mineração, que impacta diretamente os cursos d’água e, consequentemente, sua fauna associada; a construção de barragens, as quais modificam profundamente os ambientes aquáticos e atividades esportivas mal-planejadas, realizadas ao longo dos cursos d’água.
O projeto de proteção ao pato-mergulhão é coordenado pelo Instituto Amada Terra de Inclusão Social (IAT) e financiado pelo CEPF Cerrado.
*Com informações e fotos do ICMBio
Fotos: Sávio Freire Bruno/Wikimedia Commons (abertura e demais divulgação Zooparque Itatiba