Polêmica é pouco para definir o que causam as declarações do candidato à presidência, Jair Bolsonaro (PSL), já que tudo que ele diz fere os direitos humanos, a preservação da natureza e ainda incita seus seguidores ao ódio e à violência.
O mundo está preocupado com o que está acontecendo no Brasil nesta eleição presidencial. É só acompanhar a imprensa de países como França, Alemanha, Portugal e, até, Estados Unidos de Trump pra entender melhor, já que a mídia corporativa, por aqui, parece não enxergar muito bem. Ainda bem que temos a mídia independente e ativistas digitais humanizados.
Por conta dessa conjuntura, lindas alianças contra a bárbarie estão sendo feitas para evitar a onda de retrocessos com que acena o candidato do PSL, sem constrangimento.
Ontem, 17/10, por exemplo, foi realizado em São Paulo, o Ato da Fotografia Contra a Bárbarie, que reuniu fotógrafos brasileiros e estrangeiros (ao vivo e por vídeo) na Casa do Baixo Augusta. O encontro contou com as presenças de Nair Benedicto e Mônica Maia (que iniciaram esse movimento junto com a Mídia Ninja e os Fotógrafos pela Democracia), Mônica Zaratini, Marlene Bergamo, Iatã Canabrava, Maurício de Lima e Nana Moraes (estes dois por vídeo), Bob Wolfenson, João Kulcsar, Ignacio Aronovich (autor da foto que ilustra este post, com todos que lá estiveram), Fausto Chermont, Eduardo Simões, Victor Moriyama, Tuane Fernandes, o coletivo feminino Yvi e o coletivo Farpa, entre outros.
A ideia da convocação (e da criação de um manifesto) surgiu com a declaração irresponsável (mais uma!) feita pelo candidato do PSL – logo depois de saber que não havia ganho no primeiro turno e que ainda disputaria a eleição com Haddad -, de que acabará com o ativismo no Brasil, com todas as ONGs e movimentos sociais e ambientais, “porque esse pessoal tem que trabalhar!”.
Ora, ora… fotógrafos são ativistas também! Ativistas da imagem. Que história é essa de acabar com o que os move no dia a dia? Seu trabalho respalda muito do que vivemos em nossas cidades, em nosso país. E, agora, com tantos retrocessos, é imprescindível que se unam e se reunam porque, como disse a fotojornalista Marlene Bergamo nessa noite, mesmo com Haddad presidente, o fascismo está nas ruas e, mais do que nunca, será necessário se unir e resistir. Convidou a todos que pesquisem em seus acervos, registros da democracia no Brasil, ou da falta dela, para que possam falar a respeito. A intenção é que eles se encontrem com frequência para pensar em ações e estratégias que tornem a fotografia um dos grandes alicerces dessa luta.
Não pude ir, mas acompanhei o encontro pela transmissão ao vivo da Mídia Ninja. Foi muito emocionante. Necessário. Torço para que essa união se fortaleça e produza muitas narrativas bacanas e de impacto, que ajudem a sociedade a se ver, se reconhecer e a se unir também.
Meio ambiente e direitos humanos
Ambientalistas e ativistas sociais e de direitos humanos também formaram suas alianças para defender o ativismo. Só mesmo alguém sem princípios para tratar com tanto desprezo e falta de respeito um trabalho tão precioso como o que é realizado por ONGs e movimentos sociais. Eles são imprescindíveis para a formulação de políticas públicas, a elaboração de leis, a fiscalização do poder público e a cobrança pela execução de políticas e programas governamentais.
Para se posicionar e também chamar a atenção da sociedade para a gravidade desta declaração de Bolsonaro, mais de três mil organizações da sociedade civil e movimentos sociais e ambientais se uniram e lançaram uma nota de repúdio, que continua recebendo adesões.
Dá pra entender porque tanto desprezo pelos ativistas brasileiros. Afinal, eles atuam em defesa dos mais diversos direitos e colaboram para a manutenção da democracia.
Segundo estudo do IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), em 2017 havia mais de 820 mil ONGs engajadas por “melhores condições na educação, na saúde, por liberdades individuais e igualdade no acesso a direitos, pelo acesso à informação e a liberdade de expressão, pela dignidade no trabalho, pelo direito das crianças e adolescentes, pelo respeito ao meio ambiente, entre tantas outras pautas”, divulgou a instituição em seu site.
Como o Instituto Alana bem lembrou em sua página no Facebook, o Brasil também tem uma forte rede de voluntariado, com a qual é reconhecido mundialmente. Totalmente ativista, essa rede “articula milhões de cidadãos e cidadãs que dedicam parte de seu tempo para construir uma sociedade mais justa, mais igualitária, para que a população mais carente tenha acesso a direitos básicos fundamentais, muitas vezes não garantidos pelo Estado”. Não podemos prescindir desse trabalho, que tem sido imprescindível para “a melhoria das condições de vida no país e para o avanço na conquista de direitos”.