Se não há bem-estar, não há felicidade. Isso já ficou claro. Há várias décadas, questiona-se a avaliação de desenvolvimento de um país quando somente se leva em conta seu crescimento econômico, métrica esta utilizada pela grande maioria das nações, ao usarem o PIB – Produto Interno Bruto – como referência de progresso.
O pequeno e feliz Butão foi o primeiro país do mundo a desprezar o PIB como indicador de desenvolvimento, ainda na década de 70. Lá existe o conceito de Felicidade Interna Bruta (FIB) para analisar o bem-estar da população.
Desde 2012, ciente da importância de um indicador de felicidade, as Nações Unidas (ONU) elaboram o World Happiness Report, relatório com ranking global dos países mais felizes do mundo. Ontem (16/03), em Roma, a entidade divulgou a edição 2016 do levantamento.
Foram analisados 156 países. Para chegar a um consenso sobre os vencedores, participaram especialistas das mais diversas áreas, tais como economia, meio ambiente, psicologia, urbanismo, saúde, políticas públicas, entre outras. Juntos, estes indicadores foram somados para avaliar o nível de qualidade de vida da população de cada país.
Este ano, pela primeira vez, o relatório se dedicou a medir as consequências da desigualdade na distribuição do bem-estar. Até então, o estudo afirmava que a felicidade fornecia melhores indicadores de bem-estar do que renda, pobreza, educação, saúde e boa governança, medidos separadamente. Entretanto, os pesquisadores entenderam agora que desigualdade de bem-estar é algo bem mais amplo do que mensurar apenas “desigualdade”. Eles afirmam que pessoas são mais felizes quando vivem em sociedades com menos “desigualdade de felicidade”, ou seja, quando há uma disparidade muito grande entre os números daqueles que se consideram felizes e os que se dizem infelizes.
O que World Happiness Report 2016 destaca, infelizmente, é que esta chamada “desigualdade de felicidade” aumentou nos países estudados nos últimos anos.
“Medir a felicidade e alcançar o bem-estar das pessoas deve estar na agenda de cada nação, de maneira que todos consigam alcançar as metas estabelecidas pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável“, disse Jeffrey Sachs, diretor do Earth Institute, da Universidade de Columbia, durante o lançamento do relatório, na Itália. “Na verdade, os próprios objetivos incorporam a ideia de que o bem-estar humano deve ser alimentado através de uma abordagem holística, que combina elementos econômicos, sociais e ambientais. Ao invés de ter uma abordagem restrita, focada exclusivamente no crescimento financeiro, devemos promover sociedades que são prósperas, justas e ambientalmente sustentáveis”.
Os países que aparecem nos dez primeiros lugares do ranking da ONU são os mesmos que encabeçaram a lista na edição passada. Houve apenas uma pequena troca de posições. Oito deles ficam no Hemisfério Norte e cinco deles, na Escandinávia, onde existe um grande comprometimento com as questões ambientais e a luta contra as mudanças climáticas. O Brasil está em 17º lugar.
As últimas colocações do ranking ficam para aqueles lugares onde existe uma desigualdade social e econômica brutal na sociedade e também regiões que passam por graves conflitos armados. A grande maioria deles está na África.
Países mais felizes do mundo
- Dinamarca
- Suíça
- Islândia
- Noruega
- Finlândia
- Canadá
- Holanda
- Nova Zelândia
- Austrália
- Suécia
- Israel
- Áustria
- Estados Unidos
- Costa Rica
- Porto Rico
- Alemanha
- Brasil
- Bélgica
- Irlanda
- Luxemburgo
Países mais tristes do mundo
- Burundi
- Síria
- Togo
- Afeganistão
- Benin
- Ruanda
- Guiné
- Libéria
- Tanzânia
- Madagascar
- Iêmen
- Uganda
- Burkina Faso
- Chad
- Sudão
- Nigéria
- Angola
- Cambódia
- Costa do Marfim
- Comoros
Fonte: World Happiness Report 2016
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Imagem: divulgação World Happiness Report 2016