As formigas são consideradas excelentes indicadores do estado de conservação dos ecossistemas. Um novo estudo mostrou que 30 anos de interdição do uso de fogo como método de manejo do Cerrado, a gigantesca savana brasileira, levou a uma perda de 86% da biodiversidade de população de formigas. No mesmo período, e pelo mesmo motivo, a perda de biodiversidade das plantas endêmicas foi de 67%.
Resultados do estudo foram publicados por Giselda Durigan e colaboradores na revista Science Advances.
Professora em programas de pós-graduação em Ciência Florestal na Universidade Estadual Paulista (Unesp) e em Ecologia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Durigan estuda o Cerrado há mais de 30 anos, e, em sintonia com sua pesquisa científica, vem desenvolvendo um intenso trabalho de convencimento dos tomadores de decisão e da população em geral sobre a necessidade de revisão das políticas impeditivas do uso do fogo.
Ao contrário do “inimigo” demonizado pela má informação, o fogo, desde que utilizado com inteligência, como método de manejo criterioso, é um fator indispensável para a preservação das savanas (leia mais em Fogo Amigo no Cerrado).
“
“, disse Durigan à Agência Fapesp.
Segundo ela, a pesquisa quantificou essa perda em relação às espécies de formigas e plantas. Outros levantamentos, ainda não publicados, mostram que o mesmo processo de destruição está ocorrendo com répteis e anfíbios.
“Além disso, o aumento de biomassa compromete de maneira dramática o regime dos rios. A água que deveria abastecer as reservas subterrâneas e as nascentes passa a ser consumida pela vegetação. Oito das 12 regiões hidrográficas brasileiras têm origem no Cerrado. E oito de nossas dez maiores hidrelétricas são abastecidas pela água proveniente de lá”, disse Durigan.
“Comprometer a existência do Cerrado é comprometer a água, o recurso hoje mais ameaçado e mais fundamental para a sobrevivência da humanidade. Em apenas cinco décadas, metade do Cerrado já foi perdida. A preservação da parte remanescente exige providências urgentes”, disse.
Agora, leia o artigo The biodiversity cost of carbon sequestration in tropical savanna (doi 10.1126/sciadv.1701284), de Rodolfo C. R. Abreu, William A. Hoffmann, Heraldo L. Vasconcelos, Natashi A. Pilon, Davi R. Rossatto e Giselda Durigan. E assista à entrevista completa com Giselda Durigan no vídeo abaixo.
Nota do Conexão Planeta
Há fogo amigo e fogo criminoso pelo país, então, é preciso saber distingui-los para não criminalizar o que é necessário. Além disso, existe a influência das mudanças climáticas, que, às vezes torna o fogo incontrolável. Para entender melhor, leia também:
– O Brasil está pegando fogo!
– Fogo na Floresta: primeiro documentário em realidade virtual feito no Xingu alerta para o impacto das mudanças climáticas
*Texto originalmente publicado no site da Agência Fapesp, em 4/10/2017
Foto: Arthur de Magalhães Goulart/Wikimedia Commons
Não entendi. E antes do homem e sem o manejo do fogo? Não havia biodiversidade?
Bom dia, ontem deixei um comentário aqui, mas ele não aparece. Questionei essa questão do fogo “amigo”. Existia “fogo amigo” sem a presença do homem? Antes do “fogo amigo” como era a biodiversidade do cerrado?
Hmmmm Agora que enviei o comentário, o de ontem apareceu. Talvez, seja bom checarem essa questão.
Voce tem toda a razão, com relaçao. a presença do individuo humano e suas praticas, nada coherente com a vida vegetal , existente muito antes e primeira. E quem é que afirma que os indígenas antes queimavam ou usavam o fogo? Desde quando conhecem provocar fogo os indígenas? Creio que foi depois da entrada dos portugueses e do resto de ‘europeus’ invadores, vindos para saquear já que a colonia não lhes pertencia e que constantemente provocavam guerras terroríficas para invadir o Brasil para saquear e toda a America Latina com esse único objetivo . E inclusive esses ditos ‘europeus nem sequer eram autóctonos e nativos da Europa, mas sim estes já eram invasores inclusive da Europa.
O que existia era sim um maior equilibrio da fauna muito mais abundante. Sendo que esta era a principal relação do equilibrio do ecosistema das especies vegetais. Poruqe nunca se esqueça discursante estudiosa sao os animais, as aves, os repteis, as formigas , os cogumenlos, setas e subsolo fértil e oxigenado os principais plantadores e distribuidores de sementes, junto a todas as variedades de abelhas e demais insetos.
Sem dúvida alguma faltam muitos conhecimentos e enriquecimento nos conhecimentos dos reinos animais , minerais e vegetais para entender as diversidades das especies e a riqueza do cerrado.
Nao é o fogo o agente certo. É uma pena muito grande a falta de conhecimento no estudo da Terra, e da Natureza, suas Leis e seus ecosistemas em funcionamento equilibrado, correto e saudável. Sem dúvida alguma.
Também quero ver se essa mensagem vai aparecer ou vai ficar escondida para ninguém poder ver.
Os interesses infelizmente sao maiores que a própria vida saudavel da Terra e do Brasil e absolutamente formado dentro da riqueza das Leis do Cosmo, da Terra e da Natureza.
Parece que esse assunto é tao legal, legítimo e com a verdadeira abundancia nas riquezas naturais que nao interessa demasiado aos saqueadores e por isso desaparece.