Há 19 anos, a atriz e leitora pública Élida Marques incentiva crianças, jovens e adultos à leitura com seu programa Ler é Uma Viagem, que surgiu logo depois que ela participou de saraus literários e leu histórias na companhia de músicos que tocavam ao vivo.
Ali, sentiu que era com livros, histórias e música que queria trabalhar, sempre inventando novas formas para crescer com seu projeto.
Primeiro, vieram os saraus para crianças em escolas públicas, para as quais apresentava os contos infantis do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen. Depois, Élida diversificou o público e o repertório: leu Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, para adultos da zona rural. Em seguida, vieram as apresentações em eventos de grande e variado público como a FLIP – Festa Literária de Paraty.
Até hoje, com o Ler – como chama carinhosamente seu programa –, ela já viajou para 280 cidades de oito estados brasileiros, realizando 1.200 sessões de leitura para 8 mil educadores de 500 escolas públicas, com impacto estimado por volta de 40 mil pessoas.
Números bastante expressivos para um repertório idem: à medida que o percurso se modificava, a atriz incorporava histórias e personagens de Monteiro Lobato ou de Miguel Cervantes, como o Dom Quixote.
Fartura de cultura, ao ar livre
Agora, depois de tanto tempo sem ver o público ao vivo, devido à pandemia, ela está de volta com um novo projeto ao ar livre, os Piqueniques Literários, que serão realizados em parques e praças públicas de dez cidades paulistas, localizadas ao longo da Bacia do Rio Paranapanema, assim:
– Tejupá: 29 de abril, às 14h, na Praça do Bule, Memorial do Café;
– Pirajú: 30 de abril, às 15h, na Praça Ataliba Leonel, 173,
– Arandu: 14 de maio, às 15h, na Praça Dr. João Coutinho de Lima
– Cerqueira César: 15 de maio, às 15h, na Praça da Matriz
– Angatuba: 21 de maio, às 15h, na Praça Monsenhor Ribeiro e na Rua Padre Amadeu, 49/ 183
– Avaré: 28 de maio, às 15h, na Praça Largo São João, s/n
– Itaí: 29 de maio, às 9h, na Praça da Bíblia (laguinho) e Rua Hichid Futikami, s/n
– Taquarituba: 30 de maio, às 14h, na Praça Central e
– Itatinga: 4 de junho, às 9h, na Praça da Bandeira, s/nº.
Para Élida, cada Piquenique Literário “é uma forma de convidar as pessoas ao descanso, ao prazer, a ficar contemplativo e diminuir o ritmo. Uma possibilidade de reconhecer sua história pessoal por meio do que foi registrado na literatura”.
E o que o público vai encontrar em cada um desses lugares selecionados por ela para abrigar a nova temporada do projeto Ler é Uma Viagem? Fartura de cultura! Árvores de livros, um varal com poesias bordadas, distribuição de livretos de poesia, mediação de leitura com música ao vivo, troca de livros, sarau com intérpretes de libras, dança de roda e um tear que Élida incluiu na programação para interagir com artistas, artesãs e artesãos locais.
Na “cesta” do piquenique de Élida estão poemas de Cecília Meireles e Mário Quintana, histórias divertidas do mulá Nasrudim e do Quixote de Miguel de Cervantes, contos dos Irmãos Grimm ou da tradição africana, entre outras.
A proposta é a interação com pessoas de diferentes idades e origens, letrados e não letrados, gente que gosta de se manifestar e gente que gosta apenas de ouvir.
Ela ainda explica que os Piqueniques Literários foram pensados para ampliar o conceito de práticas de leitura fora da escola, para “unir as pessoas letradas e não letradas, de atrair até quem não gosta de ler”. E quanto à relação da leitura com o artesanato? “O próprio contar histórias é um ato artesanal”, diz.
Capacitação local
Para orientar, receber e encantar o público, 16 pessoas de cada cidade serão contratadas para atuar nos Piqueniques como contadoras(es) de histórias, artistas, artesãs, intérprete de libras e mediadoras(es) de leitura, incentivando o desenvolvimento local.
Além disso, cerca de 30 pessoas educadoras, bibliotecárias, agente de leitura, artistas, artesãs e outros interessados acima de 18 anos receberam formação em Mediação de Leitura e Performance Artística em oficinas online, ao vivo, e uma presencial, totalizando 8 horas/aula.
Consciência ecológica e compensação
Hoje, não dá mais pra ignorar as questões ambientais e climáticas. E um encontro bacana como este, é uma grande oportunidade que pode ajudar a criar ou ampliar consciência a respeito de nossas ações e impactos no meio ambiente.
Não dá pra desfrutar da natureza de outra forma, é preciso compartilhar informações, consumir menos, recolher resíduos produzidos durante o evento, compensar emissões de carbono, e incentivar mudanças no cotidiano.
Por isso, em cada piquenique, serão distribuídos livretos com dados sobre consumo consciente e ecologia.
Ariene Ferreira, produtora e consultora socioambiental do Ler conta que “será feito um inventário com informações da quilometragem rodada e do consumo de combustível de cada participante. A partir desses dados, será feito o cálculo de emissão de gases de efeito estufa (CO2) para descobrirmos quantas árvores nativas deverão ser plantadas para compensá-las”.
As mudas de árvore serão plantadas em áreas de restauro de mata nativa, em parceria com a Iniciativa Verde, organização voltada para a restauração florestal. Após a compensação, o programa receberá o selo Carbon Free.
Por fim, vale ressaltar que a preocupação de Élida com as questões ambientais é identificada também em suas parcerias. O Ler é Uma viagem sempre contou com patrocínio obtido por meio da Lei Rouanet, atual Lei de Incentivo à Cultura, e, neste ano, ainda foi selecionado para o primeiro Edital de Recursos Incentivados para o Desenvolvimento Local do Grupo CTG Brasil, empresa geradora de energia e uma das líderes globais em geração de energia limpa.
Fotos: Divulgação/Ler é Uma Viagem