Sabonetes, xampus, cremes, sorvetes, barras de chocolate, biscoitos, margarina … A lista é imensa! São centenas de produtos que estão em nossas geladeiras, armários de cozinha e banheiros que possuem na sua formulação o óleo de palma.
Chamado no Brasil de óleo de dendê, ele é extraído do fruto de uma palmeira originária da África. Atualmente 50% de todos os itens comercializados nos supermercados contêm esse ingrediente.
Mas para poder atender a crescente demanda da indústria mundial, milhares de florestas tropicais têm sido derrubadas e queimadas ilegalmente para dar lugar a plantações de palma, colocando em risco a sobrevivência de diversas espécies animais, sobretudo na Ásia.
Recentemente, os produtores de óleo de palma do Peru assinaram um acordo se comprometendo a não cultivar mais a planta em áreas de desmatamento. O tratado entrará em vigor a partir de 2021.
Depois da Colômbia, o Peru é o segundo país da América Latina a se comprometer com o cultivo sustentável do óleo de palma e com o desmatamento zero.
“Esse compromisso é um passo importante para o povo do Peru e para o esforço global para enfrentar as mudanças climáticas. Ele prova que podemos alimentar o mundo sem prejudicar a biodiversidade ou derrubar florestas tropicais ”, afirma Kiryssa Kasprzyk, da National Wildlife Federation, organização que trabalhou, durante os últimos dois anos, junto a produtores, entidades locais e o governo do Peru, para a finalização do acordo.
Óleo de palma x desmatamento
Atualmente o grande problema é que a indústria de alimentos e cosméticos não consegue ter certeza de que o óleo de palma comprado, principalmente na Ásia, é realmente sustentável e não originário de áreas de desmatamento.
Mostramos aqui, nesta outra matéria, a denúncia da Rainforest Action Network (RAN) de que três das maiores fabricantes mundiais de chocolate – Nestlé, Hershey’s e Mars -, continuavam adquirindo o ingrediente de áreas de desmatamento em Leuser, na Indonésia, onde vivem orangotangos, leopardos, tigres e rinocerontes ameaçados de extinção.
Segundo a organização Greenpeace, a Indonésia é o local que concentra o maior número de espécies em risco de extinção do mundo. A população dos orangotangos de Borneo caiu pela metade desde 1999, com pelo menos 100 mil mortos nos últimos 16 anos. Cerca de 24 milhões de hectares de floresta tropical foram destruídos na Indonésia entre 1990 e 2015.
Previsões apontam que a demanda mundial pelo óleo de palma deve dobrar até 2020. Malásia e Indonésia são os maiores produtores. Globalmente, as plantações cobrem uma área de 11 milhões de hectares. No Brasil, elas ocupam cerca de 40 mil hectares e grande parte da produção está localizada na região amazônica.
Leia também:
Rede de supermercado inglesa bane das prateleiras produtos com óleo de palma
Florestas tropicais de 20 países – entre eles, o Brasil – estão ameaçadas pela produção do óleo de palma
PepsiCo, Nestlé, Unilever, Procter & Gamble e McDonald’s são acusados de conivência com desmatamento, denuncia ONG internacional
Comercial de Natal que mostra destruição de florestas e orangotangos por causa do óleo de palma é proibido na Inglaterra
Rang-tan: animação alerta para a ameaça da produção do óleo de palma aos orangotangos
Foto: Juan Carlos Huayllapuma/CIFOR/Creative Commons/Flickr