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Primeira manada de bisões europeus, em 10 mil anos, chega a Portugal para recuperar a biodiversidade, o clima e o turismo 

Reconhecidos como espécie capaz de recuperar desertosoito bisões-da-floresta europeus chegam a Portugal – depois de dez mil anos, após a última era glacial! – com uma grande missão: prevenir incêndios (graças à redução de vegetação inflamável ao criar aceiros naturais e abrir áreas florestais), impedir a propagação de espécies invasoras e promover a biodiversidade endêmica, além de ajudar a reequilibrar o clima e ainda apoiar o crescimento do turismo de natureza.

Foi-se o tempo em que a Europa era coberta de florestas e matagais, nos quais os bisões europeus e das estepes vagavam. Hoje, para ajudar a melhorar os ecossistemas nativos nos países do Velho Mundo, a reintrodução destes grandes herbívoros está se tornando comum.

Agora, é Portugal que dá boas-vindas à espécie, mais especificamente no Grande Vale do Côa, que se configura como o local perfeito para o início da ‘renaturalização’ do país. Nele, 250 mil hectares que exibem a beleza da convivência de habitats naturais e seminaturais de matagais, florestas secas mediterrâneas e desfiladeiros íngremes, foram reservados pelo governo para o projeto que tem a parceria da Rewilding Portugal.

O lugar escolhido é morada e refúgio do lobo ibérico, de veadoságuiasjavalis e do auroque, antiga raça de gado.  

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O projeto

“Estamos a encarar esta translocação como um projeto piloto”, explica Pedro Prata, coordenador da Rewilding Portugal. “Os bisões serão monitorados de perto para vermos como eles se aclimatam à paisagem e ao clima locais. Esta é a primeira vez que nossa equipe gere bisões, por isso é um processo de aprendizagem também para nós. Para tanto, os membros do grupo receberão treinamento em manejo de bisões”.

Ainda no caminhão, bisão recém-chegado à Herdade do Vale Feitoso, 
maior propriedade privada vedada de Portugal, no Grande Vale do Côa

Foto: Nekeele de Weerd/Rewilding Portugal

Provenientes de reservas em toda a Polônia, os animais chegaram a Portugal com o apoio da Floresta Estatal Polaca, da Sociedade Europeia de Amigos e do Centro Europeu de Conservação do Bisão (EBCC), além do financiamento parcial de uma subvenção da Rewilding Europe: o Fundo Europeu de Recuperação da Vida Selvagem da Europa.

Assim que os bisões estiverem acostumados com o novo ambiente, visitantes poderão vê-los, sempre na companhia de um membro da Wild Côa Network – rede que reúne mais de 50 empresas baseadas na natureza dentro e ao redor do Grande Vale do Côa –, preparada para organizar passeios.

“Herói do clima e da biodiversidade”

Rewilding destaca que o bisão europeu é uma espécie fundamental e emblemática da ‘renaturalização’, por isso, tem “potencial para ser herói do clima e da biodiversidade”. E explica: “Esta é uma das razões pelas quais o regresso deste influente herbívoro às paisagens europeias – juntamente com esforços para apoiar seu crescimento populacional – é tão importante”.

Bisão recém-chegado e libertado começa a explorar seu novo lar
Foto: Nekeele de Weerd/Rewilding Portugal

Por meio do pastoreio, do pisoteio, da alimentação e da fertilização, os bisões ajudam a criar e manter paisagens em mosaico ricas em biodiversidade de florestas, matagais e pastagens, sem falar nos micro-habitats, que acolhem grande variedade de espécies de plantas e animais. E tais interações ainda contribuem para aumentar a captura de carbono da atmosfera. 

As evidências cientificas indicam que há cerca de 10 mil anos, o bisão das estepes vivia no em Portugal e era o antecessor do moderno bisão europeu, que tem o poder de transformar uma área degradada.

Quase extinto

O bisão europeu não foi registado na Península Ibérica, mas restos do extinto bisão das estepes – do qual descendem todos os bisões vivos hoje – foram encontrados na região.

O bisão das estepes está extinto há cerca de 10 mil anos e coexistiu durante milhares de anos com o bisão europeu. Este, por sua vez, resistiu e se espalhou pela região leste da Europa até o rio Volga e as montanhas do Cáucaso, desempenhando papel ecológico semelhante ao do bisão das estepes. 

O bisão europeu chegou à beira da extinção devido à caça e à perda de habitat. E, de acordo com a Rewilding, “quando o último bisão europeu selvagem foi abatido no Cáucaso em 1927, restavam apenas 54 bisões europeus vivos, todos em cativeiro. E foi graças aos esforços de conservação, que a espécie se recuperou e teve um retorno notável”.

Prova disso é que, durante os últimos dez anos, a quantidade de bisões europeus aumentou quase 350%: foi de pouco mais de 2.500 para cerca de 9 mil!
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Foto (destaque): Nekeele de Weerd/Rewilding Portugal

Com informações da Rewilding Europe e da Good News Network

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Jorge Luiz Melo Farias
Jorge Luiz Melo Farias
2 meses atrás

Como sempre vemos como o homem é imprudente, só depois que destrói percebe a importância do que exterminou

Roberto Jacinto
Roberto Jacinto
2 meses atrás

Parabens.
Já poderiam ter feito isso há muito tempo.
No Pantanal Brasileiro existi o “Boi Bombeiro ” que ajuda na prevenção de combate a incêndios no Pantanal.
Hoje,os inteligentes retiraram o gado de tal área e o Pantanal todos os anos arde em chamas.

Tomás Boaventura
Tomás Boaventura
2 meses atrás

… é isto… com a Ciência preservar a Natureza, sempre em busca do Tempo Perdido

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