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Presidenta do México quer proibir plantio de milho transgênico para defender cultura nacional

Presidenta do México quer proibir plantio de transgênicos para defender cultura nacional do milho

“A diversidade de milho nativo e seus parentes silvestres no México representa um acervo genético incalculável e insubstituível, fundamental para a agricultura e a segurança alimentar mundial. É responsabilidade do Estado resguardar essa diversidade para as gerações futuras”.

Assim Claudia Sheinbaum, presidenta do México, durante apresentação em 23/1, justificou o envio de uma Reforma Constitucional ao Congresso da União, que visa a proibição do plantio de grãos geneticamente modificados (transgênicos) e a promoção de técnicas agroecológicas a fim de proteger a cultura do milho no país.

“Hoje, aqui em Puerto Escondido [Oaxaca], quero informar que a reforma constitucional para a proteção do nosso milho já foi enviada ao Congresso da União. Trata-se da reforma dos artigos 4 e 27 da Constituição [Política dos Estados Unidos Mexicanos], que estabelecem o milho como elemento da identidade nacional e, ao mesmo tempo, a proibição do plantio de milho transgênico em nosso país e a garantia de que isso seja feito por meio de técnicas agroecológicas, ou seja, livre de Organismos Geneticamente Modificados (OGM)”, explicou. “Sem milho não há país!”.

Presidenta do México quer proibir plantio de transgênicos para defender cultura nacional do milho
Claudia Sheinbaum, em Puerto Escondido, onde anunciou a reforma constitucional
Foto: reprodução de video do Instagram

A proposta

No artigo 4 da Constituição, a presidenta mexicana quer acrescentar esta frase: “O milho é elemento de identidade nacional cujo cultivo deve ser livre de OGM, priorizando seu manejo agroecológico”. 

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Já no artigo 27, propõe acrescentar que o Estado deve promover o uso de terras “livres de cultivos e sementes para o plantio de milho transgênico”. Para tanto, estabelece como responsabilidade do Estado o fornecimento de condições “para o desenvolvimento rural integral, garantindo que os agricultores se incorporem ao desenvolvimento nacional”. 

O programa Faros Agroecológicos – presente em 22 estados mexicanos – é uma das iniciativas de transição agroecológica já em curso no país. O projeto capacita agricultores com técnicas sustentáveis para a produção de milho em larga escala, demonstrando que é possível fortalecer a agricultura sem a necessidade de recorrer à transgenia.

A proposta foi publicada no Diário do Parlamento e recebida pela Comissão Permanente do Congresso, que está em recesso legislativo e volta ao trabalho em 1º de fevereiro.

Por envolver mudanças na Constituição, a iniciativa precisa ser aprovada pela maioria qualificada, tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado, onde o partido de Claudia (chamado Morena) e seus aliados (partidos Trabalhista e Ecologista Verde) têm votos suficientes. 

México X produtores estadunidenses 

Em 2023, o então presidente Andrés Manuel López Obrador. Obrador (2018-2024) já havia imposto restrições ao uso de milho transgênico no país – o que incluía sua importação dos EUA -, por meio de decreto. 

Mas a proposta foi rejeitada pelo painel do T-MEC (Tratado entre México, Estados Unidos e Canadá), que considerou a medida uma ameaça ao livre comércio entre os três países.

Na ocasião, o México aceitou a decisão, mas assim que Claudia assumiu o cargo, em 1º de outubro, disse que seu governo tentaria “anular” a decisão por meio de uma reforma constitucional. No entanto, a reforma proposta por Claudia mantém a permissão para importação de milho geneticamente modificado

Diversidade genética e clima

Em seu pronunciamento, a presidenta do México destacou que as 59 variedades de milho identificadas até agora são elementos fundamentais da identidade nacional e alimentam não só os mexicanos, como grande parte do mundo. Portanto, “sua diversidade genéticadeve ser protegida”.

Em meio à crise climática que assola o planeta, tal variabilidade é ainda mais importante, visto que propicia a adaptação às alterações do clima e do meio ambiente.

A diversidade de ambientes naturais do México – aos quais o milho se adaptou e foi adaptado por povos originários da região – favoreceu a variedade deste produto cultivado no país há quase 8 mil anos. 

Na atualidade, mais de 80 povos indígenas e famílias camponesas cultivam esse alimento com técnicas de manejo próprias.

O milho é um dos alimentos mais consumidos pelos mexicanos: são cerca de 328 gramas do produto por dia/pessoa, em média, que atendem às necessidades diárias de proteínas (39%), calorias (45%) e cálcio (49%).

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Leia também:
Claudia Scheinbaum, primeira presidente do México, é cientista climática, ativista social e premiada com o Nobel da Paz

Com informações da CNN México e Centro de Investigación en Alimentación y Desarrollo (CIAD)

Foto: Ulleo / Leo Pictures / Pixabay

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