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Presença de antidepressivos na água altera comportamento e vida sexual de peixes

Presença de antidepressivos em rios está alterando comportamento e vida sexual de peixes

Cloridrato de fluoxetina é o princípio ativo de diversos medicamentos usados no tratamento de depressão. Desenvolvida na década de 80, essa substância faz parte da chamada segunda geração de antidepressivos, que apresentam menos efeitos colaterais e por essa razão, acabaram se tornando bastante populares no mundo todo, sobretudo com a marca conhecida como Prozac. Estima-se que só nos Estados Unidos, sejam 24 milhões de prescrições por ano.

Todavia, sabe-se que quando o ser humano ingere um medicamento, nem todo ele é absorvido pelo organismo e parte é eliminada pela urina. Como sistemas de esgoto não conseguem filtrar esse tipo de substância, a presença de antidepressivos na água de rios e lagos é bastante comum.

Preocupados com o impacto desses medicamentos sobre os animais, um grupo de biólogos da Universidade de Monash, na Austrália, decidiu investigar como peixes reagem à presença de antidepressivos na água.

Durante cinco anos, os cientistas observaram a ação desses medicamentos sobre 3.500 peixes selvagens da espécie Poecilia reticulata, popularmente chamados de gúpi, lebiste, barrigudinho ou guaru. Retirados da natureza, eles foram colocados em aquários em laboratório. Eles foram escolhidos por apresentar uma maior sensibilidade a perturbações ambientais.

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Ao longo de cinco anos, os pesquisadores expuseram as próximas quinze gerações desses peixes à fluoxetina.

“Os peixes foram aleatoriamente designados para um dos três níveis de exposição – sem fluoxetina (controle), “baixo” ou “alto”. O nível de tratamento “baixo” representa concentrações comuns de água de superfície. “Alto” ​​representa níveis tipicamente encontrados em corpos de água fortemente dominados por efluentes humanos”, relataram os cientistas.

Como resultado, mesmo expostos a baixas concentrações do antidepressivo, foi observado que os machos apresentaram uma condição física ruim, comparada ao índice de baixa massa corpórea dos seres humanos, além de ter a velocidade de seus espermatozoides reduzida, essencial para o sucesso reprodutivo da espécie.

“Fêmeas são capazes de acasalar com múltiplos machos. Então, espermatozoides de machos diferentes podem competir dentro da fêmea para fertilizar os óvulos. Motilidade espermática mais baixa pode, portanto, reduzir o sucesso reprodutivo de machos expostos à fluoxetina”, explicam os biólogos.

Outro efeito detectado entre os peixes analisados foi a mudança no comportamento e a habilidade mais lenta para responder alterações no ambiente, algo essencial para poder sobreviver a ataque de predadores em seu ambiente natural.

“Os antidepressivos podem salvar vidas para as pessoas, mas representam problemas quando chegam ao meio ambiente. Nossa pesquisa revelou efeitos em peixes que eram amplamente subestimados e negligenciados, até agora. Os efeitos da exposição prolongada a tais poluentes exigem mais investigação”, ressaltam os autores do estudo, em artigo publicado no The Conversation.

Você confere o artigo científico, em inglês, publicado no Journal of Animal Ecology neste link.

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Foto de abertura: Zucky123 por Pixabay

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