
Celacantos estão entre os vertebrados marinhos mais emblemáticos e evolutivamente importantes do planeta. Existem apenas duas espécies conhecidas: o celacanto do Oceano Índico Ocidental (Latimeria chalumnae), encontrado no Canal de Moçambique, que vai da África Austral às Ilhas Comores; e o celacanto-de-Sulawesi (Latimeria menadoensis), que vive no largo de Sulawesi e da Nova Guiné Ocidental, na Indonésia.
A segunda é menos documentada do que a primeira devido aos habitats de recifes profundos onde vive. Por isso, há poucas observações in situ (em campo), sendo a maioria registrada a partir de submersíveis ou veículos operados remotamente.
Mas nada como a perseverança… Após diversos mergulhos técnicos a partir dos quais os pesquisadores identificaram os ecossistemas da espécie na Província de Molucas do Norte, em outubro de 2024, eles viram e fotografaram um indivíduo adulto de celacanto-de-Sulawesi ou celacanto indonésio.
O peixe tinha 1,1 metro de comprimento e estava a uma profundidade de cerca de 144 metros. “Curiosamente, ele estava a céu aberto, não dentro de uma caverna ou sob uma saliência, que há muito tempo são considerados os esconderijos diurnos dos celacantos”, relatam os pesquisadores.

Quando o avistamento aconteceu, a nadadeira dorsal do animal estava completamente ereta e ele a manteve assim o tempo todo, comportamento que os pesquisadores acreditam estar associado a “um estado ativo ou defensivo natural”.
No dia seguinte, os mergulhadores voltaram ao local e o encontraram novamente na mesma posição: com a nadadeira dorsal ereta.
“A descoberta contribui para a nossa compreensão da biogeografia e ecologia desta espécie vulnerável e fornece insights adicionais sobre o seu comportamento natural”, contam eles no artigo científico publicado na Scientific Reports, em 23 de abril.
“Em última análise, esperamos que este trabalho contribua para a conservação do celacanto na Indonésia, num contexto internacional de declínio drástico da biodiversidade e destruição dos ecossistemas naturais”, completam.
Para proteger a potencial nova população do vulnerável Latimeria menadoensis de perturbações, os pesquisadores decidiram manter o local exato do avistamento em segredo, “até que estudos mais aprofundados sejam conduzidos e proteções mais eficazes sejam implementadas”, declaram.
“Todas as populações conhecidas de celacantos estão sob pressão antropogênica globalmente, e novas ameaças podem surgir em um futuro próximo com o desenvolvimento de atividades turísticas voltadas para os celacantos, potencialmente lucrativas e não regulamentadas”.
Que extinto, que nada!
Chamado frequentemente de fóssil vivo, o celacanto já foi considerado extinto na época em que os dinossauros morreram há cerca de 65 milhões de anos.
No entanto, essa criatura abissal foi avistada em 1938 por pescadores na costa da África do Sul, que capturaram indivíduo da espécie Latimeria chalumnae, no Oceano Índico.
Já o celacanto-de-Sulawesi só foi identificado em 18 de setembro de 1997 pelo casal de cientistas Arnaz e Mark Erdmann, num mercado de peixes em Manado Tua , na ilha de Sulawesi.
A espécie ainda não havia sido fotografada ou filmada em seu habitat natural, e os únicos avistamentos relatados foram feitos por submarinos operados remotamente.
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Foto (destaque): Alexis Chappuis / Scientific Reports, 2025 (CC BY-NC-ND 4.0)
Com informações da IFL Science