
Desde o começo do ano pesquisadores do Projeto Tamar já documentaram o ataque de cães a nove tartarugas marinhas no litoral do Sergipe. As fêmeas estão em época de desova e ficam extremamente vulneráveis. Todas foram encontradas mortas. A região onde houve a maioria dos registros foi a Barra dos Coqueiros, da Atalaia Nova até o Pontal da Barra.
Há poucos dias a equipe do Tamar, que monitora 150 km de praias no estado, teve uma reunião com representantes do Ministério Público Federal, quando levou uma denúncia sobre o problema. Os ataques são feitos durante a noite por cães abandonados e domésticos, contudo, até agora, os tutores não foram identificados.
Os pesquisadores relatam dificuldade para a destinação de animais de rua. Uma audiência pública está agendada para o dia 4 de abril quando será discutido esse assunto, incluindo o ataque dos cães às tartarugas. O secretário do Meio Ambiente da Barra dos Coqueiros foi convidado a participar do evento.
O litoral do Sergipe é a principal área de desova da tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) no Brasil, espécie considerada ameaçada de extinção. Com pouco mais de 70 cm de comprimento de carapaça e pesando, em média, 50 kg, ela possui uma cabeça pequena, mas uma mandíbula poderosa. Carnívora, alimenta-se de tunicados (salpas), peixes, moluscos, crustáceos, águas-vivas, ovos de peixe e eventualmente de algas.
Segundo o Tamar, a temporada de desova de tartarugas marinhas no país vai de setembro a março. Mas em algumas áreas ela começa um pouco mais cedo ou mais tarde. As fêmeas normalmente chegam às praias para colocar seus ovos durante à noite, possivelmente uma estratégia para que elas fiquem mais protegidas contra predadores na escuridão, mas também para evitar as altas temperaturas durante o dia.
Só na costa sergipana, acontecem cerca de 8 mil desovas por ano, com o nascimento de 600 mil filhotes de tartarugas marinhas. Infelizmente, estima-se que a cada mil filhotes nascidos, apenas um ou dois conseguem chegar à idade adulta.
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Foto de abertura: Projeto Tamar