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Pesquisadores constróem ‘saunas’ para sapos e rãs em Sydney, na Austrália, para combater fungo mortal

Pesquisadores constróem 'saunas' para sapos e rãs em Sydney, na Austrália, para combater fungo mortal

Os fungos asiáticos Batrachochytrium dendrobatidis (geralmente abreviado como Bd) e B. salamandrivorans (Bsal), que provocam a Quitridiose (nome abreviado para quitridiomicose), foram formalmente identificados por pesquisadores em 1998, após a morte generalizada de anfíbios pelo mundo. A infecção ataca a pele desses animais, causando ataques cardíacos e morte.

De acordo com os cientistas, a cepa mais mortal da doença pode ter cerca de 100 anos e provavelmente foi espalhada por humanos.

Quando surgiu na Austrália, os anfíbios pareciam ter se adaptado e conseguiram enfrentá-la bem. No entanto, em pouco tempo, a doença tornou-se fatal para sapos e rãs, em regiões como lagoas glaciais e lagos alpinos, florestas tropicais e pântanos pelo planeta.

Pelo menos 90 espécies de anfíbios foram extintas e muitas outras devem desaparecer nos próximos anos. O sapo-borrifador Kihansi da Tanzânia, o sapo-de-rio Cerro Búfalo de Honduras e a salamandra-de-dentes-de-garra-mexicana estão entre as espécies que podem ter sido extintas por essa doença na natureza.

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Uma das espécies ​que ainda corre risco é a rã-galinha-da-montanha, criticamente ameaçada de extinção: em expedição recente, pesquisadores encontraram 21 rãs em Dominica, no Caribe.

Esta é a maior perda de biodiversidade atribuível a uma única doença, já registrada.

Para tentar resolver a questão, cientistas criaram refúgios para esses animais usando tijolos de alvenaria pintados, que parecem estufas e às quais deram o nome de ‘saunas de sapos’ ou ‘saunas de rãs’, que foram testadas com sucesso com rãs e sapos-verdes e dourados australianos, ameaçados de extinção — antes comuns no sudeste do país.

Pesquisadores constróem 'saunas' para sapos e rãs em Sydney, na Austrália, para combater fungo mortal
Nas saunas de alvenaria, os anfíbios ficam aquecidos e ainda tomam sol
Foto: Anthony Waddle/Macquarie University
Pesquisadores constróem 'saunas' para sapos e rãs em Sydney, na Austrália, para combater fungo mortal
O estudo foi realizado com rãs e sapos verdes e dourados, como o da foto acima
Foto: Anthony Waddle/Macquarie University

Os animais conseguiram eliminar infecções do fungo mortal Batrachochytrium dendrobatidis ao viverem sob o calor das estufas; de outra forma, certamente teriam morrido. Com mais um detalhe: muitos dos sapos que se recuperaram nos refúgios tornaram-se resistentes à infecção.

“90% das populações [dos sapos-verdes e dourados] desapareceram e mais e mais desaparecem a cada ano. Eles não estão bem. Eles não estão voltando. Eles não estão mostrando aquele sinal claro de recuperação que algumas outras espécies fizeram por conta própria. Então, estamos animados [com o resultado das saunas]”, alertou Anthony Waddle, pesquisador de pós-doutorado na Universidade Macquarie, em Sydney, que liderou o estudo (ao The Guardian).

A pesquisa foi descrita em artigo publicado na revista científica Nature em 3 de julho – These frog ‘saunas’ could help endangered species fight off a deadly fungus, que analisou a eficácia das ‘saunas de sapo’ para driblar o impacto da doença quitrídio em anfíbios, além de sua construção.

Descritas tecnicamente, pelos cientistas, como ‘abrigos de pontos críticos’ elas mantêm os anfíbios aquecidos e, assim, destróem o fungo. Os anfíbios preferiam esses ‘abrigos de pontos críticos’ às outras opções disponíveis, certamente porque as infecções por quitrídios eram rapidamente eliminadas.

“Por que estamos tão animados [com o estudo]? É que simplesmente não houve nada que funcionasse [para impedir a infecção]”, explicou Waddle. “A última linha de defesa é trazer os sapos para o cativeiro, onde você pode curá-los e protegê-los. Estamos observando lentamente as espécies desaparecerem”.

Pesquisadores constróem 'saunas' para sapos e rãs em Sydney, na Austrália, para combater fungo mortal
Foto: Anthony Waddle/Macquarie University

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Foto (destaque): Macquarie University/divulgação

Com informações da Nature, da BBC e do The Guardian.

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