
Entre as trezes ilhas que compõem o arquipélago de Galápagos, na costa do Equador, Floreana é considerada a mais impactada pela presença do homem na região. Muitos animais foram extintos ali devido à introdução de espécies invasoras, como porcos selvagens, cabras, vacas e cães. Mas nos últimos anos, foram anunciados investimentos e promovidos projetos de conservação para a erradicação deles e assim, permitir a reintrodução daqueles que desapareceram.
E durante o mais recente monitoramento de aves terrestres realizados em Floreana, para surpresa e imensa alegria de todos, uma espécie que acreditava-se estar extinta localmente foi redescoberta: a franga-d’água-de-galápagos ou sanã-das-galápagos (Laterallus spilonota), avistada pela última vez nessa ilha em 1835, por ninguém menos do que o naturalista britânico Charles Darwin.
Os pesquisadores da Fundação Charles Darwin (CDF) e guardas do Parque Nacional de Galápagos documentaram a presença da sanã-de-galápagos em três locais diferentes na zona de transição da ilha, uma área de pastagem coberta de goiabeiras, longe de qualquer terra agrícola. As descobertas incluem seis registros acústicos, duas confirmações visuais e uma fotografia.
“Esta é uma linda surpresa”, celebrou Birgit Fessl, pesquisadora chefe para os esforços de conservação de aves terrestres na CDF. “Há duas explicações possíveis para esses novos registros: ou a sanã-de-galápagos recolonizou a ilha, ou nunca foi realmente extinta, mas permaneceu sem ser detectada devido aos números populacionais extremamente baixos. A última é mais provável, pois essas aves não voam muito bem, e sua presença em vários locais sugere que elas estiveram lá o tempo todo, apenas em números muito baixos.”
Chamada em espanhol de pachay, essa pequena ave pesa entre 35 e 40 gramas, e possui uma plumagem cinza-escuro, dorso marrom, olhos vermelhos e finas manchas brancas na metade posterior do corpo. Em geral, esconde-se atrás da vegetação densa dessas ilhas. Por viver no solo – só consegue dar voos curtos e baixos -, é extremamente vulnerável a ataques de predadores.
“Esta descoberta demonstra que os ecossistemas podem se recuperar se tiverem a oportunidade”, ressalta Arturo Izurieta, diretor do Parque Nacional de Galápagos. “A erradicação de espécies invasoras permitiu que uma espécie que acreditávamos estar localmente extinta voltasse a fazer parte do ambiente de Floreana.”
O próximo passo dos cientistas será fazer a coleta de amostras das aves e exames genéticos para determinar se esta é uma linhagem reintroduzida ou uma população remanescente que conseguiu permanecer despercebida durante todo esse tempo.

Foto: Adam Jackson via Wikimedia Commons
*Com informações e entrevistas divulgadas pelo Galapagos Conservation Trust e Fundación Charles Darwin
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Foto de abertura: © Ian Henderson Guerra / divulgação Galapagos Conservation Trust