
Patrícia Medici está entre as cinco mulheres reconhecidas pelo Women of Discovery Award, oferecido pela organização americana WINGS Women of Discovery, que financia e potencializa a atuação de mulheres visionárias ao redor do mundo. Considerada uma das maiores especialistas em antas do mundo, os interesses profissionais da pesquisadora vão além da conservação da espécie, incluindo a conservação de florestas tropicais, a ecologia de paisagens e a comunicação.
Nos últimos 30 anos, a cientista tem atuado na organização não governamental IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, da qual foi uma das fundadoras. E, desde 1996, coordena a INCAB – Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira, dedicando sua vida à conservação das antas e seus habitats remanescentes no Brasil.

com anta no Pantanal, em Aquidauana, MS
Foto: João Marcos Rosa/Nitro
Formada em Ciências Florestais pela Universidade de São Paulo (USP), é mestre em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Selvagem pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e doutora em Manejo da Biodiversidade pelo Durrell Institute of Conservation and Ecology (DICE), Universidade de Kent, Reino Unido.
Desde 2000, é presidente do IUCN SSC Tapir Specialist Group (TSG), rede formada por mais de 130 conservacionistas de antas de 27 países diferentes em todo o mundo. Patrícia também é TED Fellows desde 2014 e National Geographic Explorer desde 2019.
Com o prêmio ‘Women of Discovery 2024‘, Patrícia se torna fellow da WINGS Women of Discovery e passa a integrar uma comunidade de mais de 100 mulheres conservacionistas, reconhecidas desde 2003.
Esse título propiciará oportunidades para que a pesquisadora e sua equipe levem a mensagem da causa da conservação da anta brasileira para novas esferas de atuação científica e do público e, por isso, é uma conquista importante.

Foto: WINGS/divulgação
“Esta premiação foi fantástica! O WINGS é uma organização que trabalha incansavelmente para empoderar a atuação de mulheres no mundo da exploração científica, pesquisa e conservação da natureza”, destaca Patrícia Medici.
“Existe todo o prestígio associado a ser parte desse seleto grupo. E, adicionalmente, ainda há uma contribuição financeira que vem junto com a premiação, no valor de 20 mil dólares, que será utilizada para fortalecer nossos esforços de conservação da anta no Brasil”.
E a brasileira finaliza: “O prêmio é uma enorme oportunidade para alcançar novos públicos, como as pessoas que estavam presentes na premiação em Nova Iorque e toda a rede do WINGS. E, mais importante do que tudo isso, este reconhecimento vai nos ajudar a dar destaque para a anta aqui no Brasil, mostrando que este animal incrível ganhou mais um prêmio, o que é de grande importância para a conservação da espécie”.
Mulheres premiadas
O hall de mulheres reconhecidas pela WINGS é formado por grandes nomes da conservação como a primatóloga Jane Goodall e a oceanógrafa Sylvia Earle e, também, por três pesquisadoras brasileiras: Juliana Machado Ferreira (geneticista conservacionista e ativista contra o tráfico de animais silvestres), Daphne Soares (neuro-ecologista, que fez descobertas surpreendentes sobre a fisiologia de peixes e jacarés) e Rosaly Lopes (cientista principal no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, onde também é cientista-chefe de geofísica e geociências planetárias).
Este ano, junto com Patrícia, foram agraciadas:
– Paula Kahumbu, proeminente conservacionista queniana, Ph.D. em Ecologia e Biologia Evolutiva e CEO da WildlifeDirect, plataforma online que dá voz aos conservacionistas africanos para proteger a vida selvagem como um importante patrimônio global;
– Adriana Vergés, ecologista marinha cuja pesquisa se concentra na ecologia e conservação de habitats marinhos costeiros. Em particular, sua equipe investiga os impactos ecológicos das mudanças climáticas nos oceanos;
– Jessica Ware, curadora titular do Museu Americano de História Natural, onde atua como presidente da Divisão de Zoologia de Invertebrados; e
– Ruthmery Pillco, bióloga peruana que trabalha em projetos de conservação e biodiversidade nas florestas tropicais da Costa Rica e do Peru.

quatro das cinco homenageadas da WINGS em 2024
Foto: WINGS/divulgação
O prêmio foi entregue durante cerimônia realizada na noite de 24 de outubro em Nova York, nos Estado Unidos (foto abaixo).

posam com as homenageadas de outros anos
Foto: WINGS/divulgação
A organização
“As mulheres nasceram para explorar. No entanto, menos de 2% de todas as doações de caridade dos EUA vão para organizações que atendem mulheres. Elas representam apenas 33,3% de todos os pesquisadores e 12% das academias nacionais de ciências em todo o mundo. E recebem rotineiramente bolsas de pesquisa menores do que seus colegas homens”, destaca a WINGS em seu site.
Por isso, seu objetivo é combater a disparidade de gênero ao apoiar mulheres talentosas oferecendo uma plataforma para suas descobertas. A organização financia, eleva e constrói comunidades ao redor dessas mulheres para que liderem mudanças que transformem a ciência e a conservação.
Seu apoio inclui contribuição irrestrita de financiamento – concedendo bolsas a mulheres que fazem descobertas pioneiras em ciência, exploração e conservação -, expansão do reconhecimento e uma rede de contatos com mulheres visionárias em todo o mundo.
Desde 2003, a WINGS concedeu bolsas a mais de 200 mulheres em mais de 100 países e publicou as descobertas de mais de 50 expedições de campo lideradas por mulheres.
A anta brasileira
Este é o maior mamífero terrestre da América do Sul, podendo pesar entre 180 e 300 kg. A espécie é vital para a biodiversidade por ser importante dispersora de sementes, por isso também é conhecida como jardineira da floresta.

Foto: Marina Klink
Por ocupar extensas áreas de uso, a anta é uma espécie guarda-chuva, ou seja, garantir sua conservação influencia na existência de outras espécies que compartilham o mesmo habitat.
A anta também é uma espécie sentinela, o que significa que serve como indicadora da saúde dos ecossistemas e dos seres que ali habitam.
Apesar de sua importância, a espécie está classificada como vulnerável à extinção na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
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Foto (destaque): WINGS/divulgação