
Era 2 de novembro, e pesquisadores da organização Norwegian Orca Survey monitoravam e contavam orcas (Orcinus orca) na costa da Noruega. Eles acompanhavam a movimentação de três grupos diferentes na região de Skjervøy e Laukøya, quando notaram um comportamento atípico em um deles.
“Quase imediatamente, percebemos algo incomum. As orcas estavam excepcionalmente ativas na superfície, espirrando água e se movendo em formação cerrada. Assim que o drone estabilizou sobre elas (a 50 m de altura), percebemos que estavam reunidas em torno do que inicialmente parecia ser um filhote morto“, contou a equipe da organização em suas redes sociais.
Simultaneamente, a Orca Channel, uma empresa de observação de baleias que estava na mesma área, junto a outros barcos, entrou em contato com a Norwegian Orca Survey, e relatou a mesma preocupação sobre o nascimento de um filhote.

filhote para a superfície para que ele comece a respirar
Foto: Jörg Rychen / Norwegian Orca Survey
As embarcações foram alertadas então para se distanciarem do grupo de orcas, e durante um período muito tenso, cientistas ficaram apreensivos sobre o desfecho da situação. “Então veio a virada: o filhote estava vivo. Ele se debateu durante os primeiros 15 minutos, o que provavelmente explica a intensa atividade do grupo, mas depois começou a nadar sozinho. Combinando isso com o registro anterior de sangue na água feito pela Orca Channel e a sequência de eventos que registramos, tudo indicava fortemente que o parto havia acabado de ocorrer.”
A mãe era uma orca já conhecida pelos profissionais, identificada como NKW-591, avistada pela primeira vez em 2013, e que já teve vários filhotes, ou seja, uma mãe experiente. “Esperamos encontrar esse grupo novamente nas próximas semanas para monitorar a sobrevivência do filhote. Documentar a sobrevivência dos filhotes continua sendo um dos principais objetivos de nossa pesquisa de longo prazo”, diz a organização.
Segundo a Norwegian Orca Survey, o registro representa um marco histórico: a primeira documentação de um nascimento de orca e da primeira hora de vida do filhote na natureza.
“Nossas observações nos permitirão identificar os indivíduos envolvidos e compreender seus papéis no apoio ao filhote durante seus primeiros momentos. Agora estamos trabalhando para reunir todos os dados disponíveis e planejamos publicar a documentação completa como um artigo científico em breve”, revelam os pesquisadores, que celebraram muito aquele momento. “Um dia verdadeiramente inesquecível – testemunhar o início de uma nova vida no Ártico.”

Foto: Jörg Rychen / Norwegian Orca Survey
Assim como outras espécies de cetáceos, as orcas têm laços sociais bastante fortes. Também são consideradas extremamente inteligentes. Ensinam, por exemplo, suas estratégias e conhecimentos para os filhotes.
Embora muitas vezes chamadas de “baleias”, a espécie pertence à família dos golfinhos – o maior dentre eles. Receberam o apelido em inglês de killer whale (baleia assassina) porque cientistas observaram que além de se alimentar de peixes, lulas, focas, golfinhos, toninhas, pinguins e tartarugas-marinhas, também caçam grandes baleias, assim como tubarões.

Foto: Jörg Rychen / Norwegian Orca Survey
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Foto de abertura: Eve Jourdain, Norwegian Orca Survey e Jörg Rychen, ETH Zurich




